29.12.09

I'm stranded

Bem, como sempre, eu faço tudo ao mesmo. E contrariando (ou talvez, indo ao encontro das) minhas resoluções para 2010, resolvi já colocar na praça a minha intenção de tocar um projeto solo, paralelo à Strange Music. Já tem um tempo que estou pensando nisso, um lance meio "banda de um homem só", com coisas que faço e que não servem para a banda. E começou, por acaso, outro dia, quando me perdi em cerca de 3 horas de guitarra e produção eletrônica.

A idéia do STRANDED (sim, esse é o nome, um tanto simbólico, aliás) é ser meio rascunho, mesmo. Tenho a idéia, toco, gravo e publico por aí. Essa música incidental, que marca o nascimento do novo projeto, se chama "rAIVA". E o 'vídeo' abaixo foi montado com fotos que eu e alguns colaboradores fizemos por aí.

Espero que gostem. Logo tem mais.


28.12.09

Resoluções...


2009: Aprendi que o futuro fica pra frente, e pra trás, e pros lados...


[ego]


Olha, nem dá pra dizer o quanto eu evitei fazer isso. Acho um clichê sem tamanho, além de não interessar pra ninguém além de mim. However, na madrugada de domingo para segunda-feira, às vesperas do ocaso de 2009, o que há de melhor para fazer? E, no mínimo, manter isso aqui vai me dar uma força pra não esquecer de tudo o que prometi. So, sem mais delongas, a minha lista de resoluções para 2010.


01. Trabalhar menos e melhor

Interessante isso aqui ser o primeiro item, não? É sintomático, no mínimo. Bem, desde que comecei a trabalhar efetivamente, há pouco mais de dois anos, já achava um absurdo que toda a evolução da técnica - ah, essa vocação da civilização ocidental - tivesse feito com que nós tivéssemos que trabalhar cada vez mais, quando poderíamos trabalhar cada vez menos. Sou simpatizante de Domenico De Masi, mas, como diria minha mãe, isso parece ser mesmo só até "a água bater na bunda". Inevitavelmente, temos que trabalhar. Quanto a isso, não há dúvida. Porém, "como", trabalhamos é que parece ser o determinante.

Bem, depois de dois anos de trabalho (quase) formal eu senti também a ausência de férias - pulando de um emprego para o outro, não cheguei a completar o tempo necessário para os dias de descanso anuais, pelo menos até agora (yeah!). Eu cheguei a pensar - e suspeito, realmente, até agora - que tinha desenvolvido a Síndrome de Burnout.

Isso se explica por, pelo menos, duas coisas, creio eu. Primeiro, trabalho com comunicação. E você não precisa ser o Sherlock Holmes pra saber o que isso significa, não? Segundo, e mais importante: oito horas (quase) nunca são oito horas. Explico: mesmo que você respeite a sua jornada de trabalho à risca (o que, infelizmente, é difícil de acontecer no mundo da comunicação e em tantos outros), nem um minuto a menos, nem um minuto a mais, desligar-se da pressão, dos problemas e da nossa própria cobrança com relação ao trabalho é mais fácil na teoria do que na prática.

O patrão está certo em te pagar somente pelas 8 (ou 9, ou 10, ou 11) horas que você passa dentro do escritório. O que está errado é viver o trabalho o tempo todo, não conseguir nunca se desvencilhar dele. Isso é hora extra de graça. E você não é otário pra trabalhar de graça, é? Infelizmente, isso é outra maldição da civilização ocidental. Produza, consuma. Round two, fight. E é claro que a produtividade (a musa do self made man) cai. Você acaba preso em um círculo vicioso: quanto mais trabalho, menos consigo produzir, logo, tenho que trabalhar mais. Até as próximas férias...

RESOLUÇÃO: Eu não sou o meu trabalho, ou o meu emprego formal (ou quase, em muitos casos). E não me importo que outras pessoas pensem assim. Pior para elas. Eu não quero isso pra mim. Que em 2010 oito horas valham por 16, mas que sejam apenas oito. #BATE O PONTO#


02. Dar um tempo no vício por "informação"

Ok, campeão. Você não precisa clicar em todos os links que postam no Twitter. Não precisa acessar todos os blogs que te recomendam. Não precisa ficar com o GMail aberto o tempo todo. By the way, melhor trocar aquela tecla F5 que já está quase afundada no teclado.

Em 2009 eu perdi as contas de quantas vezes abri tantas abas no meu navegador que, de repente, já não tinha mais a menor idéia do que é que eu estava fazendo.

Outro dia quase briguei - fisicamente falando - com um ex-colega de faculdade em um bar. A cada 2 minutos or so ele usava seu smart phone com plano de internet ilimitada para postar ou ler mensagens no Twitter. E estávamos comemorando o aniversário de uma outra ex-colega na ocasião. "Deprimente", eu pensei. E, é claro, escondi o celular no meu bolso quando ele não estava olhando, só pra alfinetar. Só que, botando a mão na consciência, consigo ver que não estou muito longe disso. Só me falta o plano de internet ilimitado. (Em tempo: a briga não teve muito a ver com isso, obviamente. Foi só a "entrada".)

Em inúmeros momentos ao longo do ano eu descobri que não lembrava mais qual era aquela coisa que até 5 minutos atrás era super legal e que eu precisava mostrar para os meus amigos. Fora o tanto de vezes em que eu simplesmente não consegui me lembrar (alô, memória, alguém lembra disso? Ou todo mundo colocou tudo "na nuvem"?) onde é que eu tinha visto essa "coisa super legal".

RESOLUÇÃO: Eu não preciso seguir a Twittess (até porque mais da metade do que ela fala é abobrinha, anyway), nem o Cardoso (afinal, por que é que alguém achou que esse cara era legal?), o Gravz (vá lá ver e quem sabe você entende a razão), a Anne Becker (você realmente precisa do Twitter pra ver mulher seminua? Ou vai dizer que são as idéias bacanas dela que te atraem?) ou qualquer uma dessas "celebridades" (e eu sei que elas "Ó-DEI-AM", ser chamadas assim) das mídias sociais. Como muito do meu "interesse" por essas figuras é algo antropológico, pode ser que em 2010 a ferramenta de listas do Twitter passe a fazer mais sentido. Ah, quase me esqueci: "Tem muita gente boa produzindo conteúdo fora do eixo da mídia tradicional" foi uma das frases que mais ouvi em 2009. De amigo secreto eu devia ter pedido o telefone desse contingente de iluminados.


03. Ler, escrever, ouvir e fazer mais música

Olha, por conta do retratado no item 01., acima, eu fiz muito pouco de tudo isso aí em 2009. É claro que teve muito mais coisa envolvida, como o fim de um casamento (que, olha, também deve muito ao item 01.), uma mudança de casa, algumas viagens ao Rio e a Brasília e etc. E eu preciso dizer: eu sou MOVIDO a isso tudo.

Embora 2009 tenha sido relativamente menos produtivo que anos anteriores, dá pra dizer que fiz até um bocado. Com a Strange Music, por exemplo. Não saiu o disco que era pra ter saído, mas, em compensação, demos nossos pulos! E ainda sobre música, sei que tenho uma pilha de discos para ouvir. Poderia ser pior. Eu poderia não ter nenhum. E, felizmente, vi que ainda existem coisas boas a ser descobertas (mesmo que alguém já as tenha descoberto antes).

O único livro que li inteiro esse ano ("A Cortina" de Milan Kundera, que recomendo, por sinal) tinha menos de 150 páginas (acho até que menos de 100!). No entanto, já fazia pelo menos um ano que eu não lia nada até o fim. Por mais um ano, adiei o eterno projeto de escrever um livro. Um bom livro, porque o mundo não precisa de mais um "Até o dia em que o cão morreu" (sorry, Galera). E, claro, sei que, atualmente, não conseguirei fazer isso em menos de um ano. Mas, mais uma vez, eu sequer comecei. Em contrapartida, temos este blog aqui. Fico orgulhoso de ver que finalmente consegui postar com uma certa regularidade, e que vocês estão comentando com uma certa regularidade! Espero, sinceramente, que estejam gostando...

RESOLUÇÃO: Eu não preciso escrever um livro em 2010. Nem sequer começar. Posso fazer isso quando estiver pronto, e quando tiver algo a dizer. Eu posso ouvir toda música que eu quiser, mas só vou ouvir aquilo que realmente me der vontade. Pretendo começar pelos clássicos. Mesma coisa com a literatura. E vou colocar uma meta humilde. Quatro livros lidos do começo ao fim em 2010. Como vou fazer isso? Talvez eu precise, antes de mais nada, reler os itens 01. e 02., supracitados. Ah, claro, sem esquecer da minha querida Strange Music. 2010 vai ser o nosso ano. O terceiro disco "Música Estranha" vai ficar pronto quando for pra ficar (desde que seja ainda no primeiro semestre, hahahaha). E vamos, efetivamente, fazer com que você nos ouça. Isso, é claro, se você der a mínima. E se não der, bem...

Feliz 2010.


25.12.09

Feliz Natal da Música Estranha

Originalmente postado no blog da Strange Music



O ano de 2009 foi do balacobaco para a Strange Music a.k.a. Música Estranha! Tocamos em lugares que nunca imaginávamos, como o Centro Cultural São Paulo, o Na Mata Café e até mesmo o "canil" da ECA-USP, fizemos shows para grandes plateias, e outras nem tanto, cultivamos novas amizades, bebemos, amargamos ressacas, planejamos e replanejamos, compusemos, gravamos, e vislumbramos o lançamento do terceiro disco, nosso próprio Álbum Branco.

O trabalho, que viria batizado de forma homônima à banda em sua transposição para nossa língua matter (Música Estranha), no entanto, não veio. Ainda. Como não vivemos só como banda, a VIDA fez com que tivéssemos que adiar um pouco esse novo rebento. Queríamos o melhor que pudéssemos fazer, mesmo com todos os impedimentos. Um CD prensado, com mil cópias ou mais, arte bacana, encarte completo e essas coisas que só os fetichistas da era pré-digital ainda conseguem entender. Além, é claro, de toda a pós-produção que um som que se posta pelos diferentes timbres e brincadeiras eletro-orgânicas merece. Ficou "pro ano que vem"...

"Doismilinove" ainda não foi o nosso ano. Foi um PUTA ano, que fique bem claro, mas ainda não conseguimos nos livrar de certas restrições e provincianismos/panelismos que, sinceramente, não esperávamos encontrar em São Paulo, a terra da oportunidade tupiniquim. Pra 2010, esperamos algo ainda mais intenso, vibrante, e cheio de cores. Com todos vocês, que sempre nos apoiaram, pulando conosco na primeira fila, em mais uma viagem transcedental.

E é nesse espírito que queremos dedicar a todos vocês, bravos guerrilheiros do cotidiano e amantes da música feita com as entranhas, esse vídeo de uma música inédita, "Vai", conhecida apenas por quem foi a nossos últimos shows, e que estará transmutada em um faixa física logo mais, quando sair do forno o nosso próximo filhote.

Um ótimo ano a todos! Nos vemos em 2010!

Bruno Guerra & Strange Music

14.12.09

Um homem e sua música


Frusciante em ação: a Fênix do rock em voo solo de novo
Dê um play no vídeo abaixo antes de ler o post. Vai fazer muito mais sentido.



John Frusciante é uma das figuras que mais admiro no chamado "rock n' roll". Mais conhecido por seu trabalho como guitarrista em vários discos e shows do Red Hot Chili Peppers, ele também tem uma extensa discografia solo (em 2004, num surto de criatividade, lançou 5 discos ao longo do ano). É dele o famoso riff de Under the Bridge, e também a perturbadora Going Inside.

Nunca fui muito fã dos Peppers, mas Frusciante me ganhou quando ouvi Shadows Collide With People, um de seus discos de 2004. Pesquisando um pouco na época, descobri que perturbadora mesmo era a sua história. Em 1992, depois do sucesso de Blood Sugar Sex Magik (que trazia Under the Bridge, Give It Away e outros hits) Frusciante largou a banda e se acabou na heroína. Quase morreu, perdeu vários dentes e etc. Em meados da década, uma equipe de TV holandesa que aparentemente fazia um documentário sobre os Chili Peppers o descobriu em sua casa, assim
:



O músico só voltaria a tocar com a antiga banda - já recuperado do vício - em 1999, com o lançamento de Californication (outro sucesso). A partir daí, o guitarrista também começou a levar mais a sério sua carreira solo (em 1995 e 1997 ele já havia lançado discos, mas, como ele mesmo declarou, era só pra arrumar grana pra heroína). Com influências como Jimi Hendrix e Lou Reed, Frusciante deixou um pouco de lado o funk rock do Chili Peppers pra construir canções mais obscuras, com temáticas tão conturbadas quanto sua própria trajetória. E cantando bem melhor que Anthony Kiedis, na minha opinião.

Recentemente, recebi uma ótima (e atrasada) notícia. Saíra no começo do ano o décimo disco dele. Batizado de The Empyrean, é altamente atmosférico, poético e parecia adiantar (mais) uma grande guinada na vida do músico. Músicas de 8 minutos, uma introdução meio parecida com Maggot Brain, alguma bateria eletrônica e falsetes indefectíveis. Era o John de sempre, mas alguma coisa estava diferente...


The Empyrean: estranho e belo como sempre

Bem, eu sempre me perguntei como um cara que escreve músicas como Dark/Light (veja abaixo) conseguia continuar fazendo farofada com uma mega banda como os Chili Peppers. Bem, a ideia de adiar esse post até agora - e o estranho pressentimento que veio com The Empyrean - acabou de fazer sentido. Descobri há poucas horas que Frusciante deixou (de novo) Kiedis, Flea e Chad Smith na mão. A informação ainda não é 100% oficial, mas parece que até já arrumaram outro guitarrista.



Bem, parece que a Fênix vai, finalmente, alçar um belo voo solo. Boa sorte, John. "Taí um que deveria ser descoberto antes de morrer", como diria um velho amigo.

22.11.09

O fórum que não estava lá


Fórum Digital da Cultura Brasileira: cadê a sociedade, negra ou branca?

Sexta-feira. Dia 20 de novembro de 2009. Cinemateca Brasileira, cidade de São Paulo. Dia da Consciência Negra, e o que mais me espantou não foi o escasso número de negros na plateia das atrações musicais na tenda do Fórum Digital da Cultura Brasileira (embora isso tenha me deixado puto sobremaneira). Não, o mais digno de nota foi a pouca presença no geral. Minha observação encontrou razão de ser nas palavras de um conhecido que (infelizmente) tinha alguma relação com a organização do evento. "Não divulgaram pra não encher, mesmo", foi a justificativa.

O argumento não valia apenas para o espaço musical, mas para o fórum em si, que pretendia
"consolidar os debates e propostas produzidos até o momento sobre as novas tecnologias digitais" além de ser "um processo permanente de discussão sobre os impactos das novas tecnologias na transformação da cultura e da democracia no país, reunindo agentes governamentais e da sociedade civil em uma rede social pública e livre. De forma horizontalizada, os participantes apontam diretrizes para formulação de políticas públicas de cultura digital". Tudo isso de acordo com o texto de divulgação oficial, publicado no site do MinC (um dos poucos lugares onde o encontro foi divulgado). O mesmo release (dá pra chamar assim?) afirmava que o fórum seria "aberto e gratuito. Para participar, é necessário fazer cadastramento na entrada da Cinemateca sujeito à lotação das salas. Os integrantes da rede culturadigital.br terão prioridade no acesso, por isso a organização recomenda o cadastramento prévio".

Porra, não foi isso que eu vi. Posso estar errado, mas, acho que pouquíssima gente sabia da existência do fórum e até mesmo de sua rede social, lançada em meados deste ano. Pelo que pude observar, adesão da sociedade foi o que menos rolou, ficou restrita a "meia dúzia de ONGs". Como não participei das discussões de fato - fui chamado, naturalmente, só para o oba oba -, não posso versar muito a respeito. No entanto, posso falar que lá ouvi boatos (e deixo claro aqui que não os estou tomando como verdade) de que o evento teria custado algo em torno de R$ 500 mil. E que uma bala teria sido gasta para trazer participantes (e seus amigos) do Rio de Janeiro para São Paulo, de avião, com direito a hospedagem e van para levar e trazer de onde quer que fosse. Disseram-me também que os cartazes que seriam usados na suposta divulgação teriam chegado apenas naquele mesmo dia (o evento começou em 18/11).

E tudo acabou em samba


Orquestra de Tambores de Aço: no palco, um "Salve, Zumbi". Fora dele...

As atrações musicais (motivo pelo qual eu estava lá, já que nem sabia da existência do Fórum - achei que eram shows em comemoração ao 20 de novembro) foram um capítulo à parte. A programação que me foi passada como "umas apresentações em um evento ligado a cultura digital, na faixa" incluia a formação recente da Banda Black Rio e Mano Brown, líder dos Racionais MC's.

Programadas para começar às 18h00, as apresentações atrasaram. O lance todo começou bem depois das 19h00, com a Orquestra de Tambores de Aço (steelpan) da Casa de Cultura Tainã. Só soube que o grupo - musicalmente excelente, por sinal, repleto de crianças que apavoraram nos pans - estava mesmo previsto para tocar quando finalmente consegui arranjar o programa do evento (abaixo).



Nessa lida, descobri que Macaco Bong já havia subido no palco dias antes, e que a participação de Brown naquele dia era "(a confirmar)". Descobri logo que a aparição do "francoatirador" deveria estar mais do que fechada, já que o senador Eduardo Suplicy (fã confesso dos Racionais) circulava já no início da apresentação da Black Rio. Pensei em entrevistá-lo, mas preferi não incomodar. Além do que, eu corria um risco muito grande de perder o resto da noite nessa tarefa.


Banda Black Rio: da formação original só restou o filho do Oberdan (teclado)


Senador Suplicy curte um som: cadê o Brown?

A adesão já aumentava um tanto, visto que os debates haviam acabado há tempos. No entanto, já vi o Neu Club mais cheio em dias fracos. A barraquinha que vendia cervejas mais ou menos geladas por 3 pratas colhia os frutos da falta de concorrência. Vi algumas garrafas de Chandon desfilando em baldes de gelo, mas logo descobri que não eram pro meu bico.


Cai a noite no fórum: 3 pratas pra ver a banda passar com uma cerveja na cabeça

Quando Brown apareceu, vestindo uma camisa polo da Nike, houve um quase-surto. Todo mundo colou na beira do palco para ver o rapper esbravejar (menos) e brincar (mais) junto com a Black Rio e seus compas, sempre, sempre presentes. Estranhei o bom humor de Brown, provavelmente por estar acostumado a vê-lo em situações bem mais tensas. Nesse contexto, "Vida Loka II" (uma das músicas mais lancinantes e ácidas dos Racionais) me pareceu meio flácida e sem sentido. O volume baixo dos microfones também não ajudou.


Mano Brown: vida loka?

Aquela noite do fórum acabou com um pout-pourri de sambas e sambas-rock famosos executado à perfeição pela Black Rio. "Meio que como tudo no Brasil", não pude deixar de pensar.


Peça que adornava o gramado da Cinemateca: podia estar escrito "incoerência"

*Colaborou Talita Zanetti

18.11.09

Na trilha de Caê?


Marcelo Caê, ops, Camelo, e Mallu Magalhães: chilique justificado?

É duro. Quando a decepção com uma personalidade que você admira bate, é difícil desfazer a má impressão. E recentemente tive a oportunidade de adicionar Marcelo Camelo à minha extensa lista de birras. No entanto, preferi não fazê-lo, depois de refletir um tantinho sobre a (muitas vezes) inglória condição - não vou chamar de profissão - de artista.

Bom, primeiro os fatos, depois a lenga-lenga. O assunto é velho, mas não vi muito eco em quase lugar nenhum, a não ser no blog do editor do bom e velho Scream & Yell. Eis que, certa feita, eu estava na festa de 3 anos da versão brasileira de uma renomada revista de cultura pop. Além de um amontoado de celebridades 'B' ou 'C' (eu nem sabia que havia um ranking desse até então), a programação da noite incluia shows do Macaco Bong e da duplinha Camelo e Mallu Magalhães. Rumores davam conta de que eles haviam preparado um setlist especial para o evento. O Hurtmold estava quase todo lá, como banda de apoio, que ainda contava com o reforço do trompetista gringo Rob Mazurek.

Ok. Alright. Quando a apresentação do barbado e da moça começou, já dava pra notar um certo desconforto no semblante de ambos. Camelo, que parecia ter trezentos anos escondido atrás da barba espessa e do olhar perdido, até se empolgou em alguns momentos: fez dancinhas, bateu com a cabeça de leve no braço de Mallu, entre outros gracejos. Já Magalhães, visivelmente mais moça (deve estar com uns 17 a essa altura), parecia confusa e vacilante. Reclamou umas duas vezes do retorno (que estaria baixo demais) e cantou o tempo todo com um fiapo de voz.

A certa altura, o lance todo começou a degringolar. Camelo encarnou Caetano e deu um pito no público, que conversava mais alto do que a banda tocava. O post de Marcelo Costa, do S&Y, me ajuda a relembrar a cena: "
Ela [Mallu] largou a gravação do disco novo, eu deixei minhas coisas, passamos a semana ensaiando e eu sei que tem cerveja de graça, que é hora de comemorar, mas seria legal vocês prestarem atenção", disse o ex-Los Hermanos, claramente bronqueado.

Eu estava no gargarejo, bem como uma meia dúzia de órfãos dos criadores do Ventura. Juntos, numa comunhão algo bizarra, tentávamos mostrar que havia, sim, gente querendo ver/ouvir o show. Mas foi em vão. No comecinho de "Janta", hit do casal, Camelo largou o violão e ficou só sussurrando a letra. Senti como se estivesse na escola, tipo bronca de professor que quer te fazer sentir culpado. Na sequência, mais um hit - "Morena" -, outras reclamações, e o artista resolve acabar com o show. Mais uma vez me aproprio de Marcelo Costa: "Essa é a última. Tínhamos mais coisas, mas não dá. Está realmente atrapalhando". Mallu "viu mas não disse nada", no jargão dos bons entendedores.

Confesso. Foi difícil. Imediatamente após o lance todo eu queria colocar o Camelo na prateleira a que pertence esse aqui:



Mas resisti. Xingar o Camelo é fácil. Difícil é tocar pra um bando de pessoas desinteressadas (situação pela qual passei tantas vezes). O ideal, eu sei, é sempre optar pelo bom senso. Julgar equivocada a atitude do músico, que topou tocar sabendo das condições do evento, mas resolveu dar um "chiliquinho" na hora H, e também da organização da festa, que, sabendo da fama de maleta do rapaz (vide a infinidade de vídeos que mostram Camelo, Amarante e outros dos Hermanos debulhando repórteres inocentes e despreparados), o convidou pra tocar em um lugar algo inapropriado pra atenção que o dito cujo demandava.

Só que esse é o ideal. E como já vivi na pele a ditadura d'o que o público [supostamente] gosta, d'o que o público [supostamente] quer, guardei Camelo de volta na prateleira que ele merece.

Essa aqui:


16.11.09

Rock cinematográfico no Na Mata Café


Projeto Curta com Banda reúne show da Strange Music, exibição do filme “Na Base”, de Daniel Tupinambá, e apresentação da cantora Claudia Albuquerque. Entrada gratuita até 21h30

A programação para a noite de terça-feira (24/11) do Na Mata Café dará espaço ao que há de novo no cinema e música paulistana. Além da apresentação do curta-metragem Na Base, e da cantora Claudia Albuquerque, a banda Strange Music levará ao palco músicas inéditas que entrarão no seu terceiro disco, Música Estranha, ainda em gravação. O trio experimental funde eletrônico, rock, lounge em músicas que se assemelham a uma trilha sonora.

Do diretor Daniel Tupinambá, o filme Na Base, que dará inicio às atrações da noite, mostra o desgaste, tensões, erros e acertos de um skatista em dia de campeonato. Logo após a exibição do curta, haverá apresentação da cantora e pianista Claudia Albuquerque (com estréia do clipe In Your Arms - música tema de novela do SBT). A Strange Music toca a partir das 00h00. O encerramento fica por conta da discotecagem do DJ Robi.

“Nós achamos interessante o projeto pela proposta de unir estas duas áreas da arte. Até porque a nossa música tem um forte apelo instrumental e é comum as pessoas que acompanham o nosso trabalho dizerem que o nosso som se assemelha à música de cinema. Então acho que estaremos no local certo”, diz Juliano Domingues, guitarrista da Strange Music.

A banda começou a ter destaque a partir do final de 2008 e primeiro semestre de 2009, principalmente após sua participação no show de lançamento da operadora de telefonia móvel Oi no Estado de São Paulo, quando abriu para Frejat e Lulu Santos no palco de Bauru, e apresentação no projeto Sonoridade Máxima (organizado pelo Centro Cultural SP e dedicado às novas bandas).

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Serviço

Onde: Na Mata Café. R. Da Mata, 70 – Itaim Bibi. Tel: (11) 3079-0333
Quando: Terça-feira, 24 de Novembro, a partir das 20h00
Quanto: Até as 21h30 não paga para entrar, após este horário R$20 com nome na lista (namata@namata.com.br), sem nome na lista R$25

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Sobre a Strange Music

Formada em 2006, a Strange Music faz uma mistura de rock alternativo dançante, lounge e soul, usando guitarras e bases eletrônicas. Criada pelos amigos Bruno Guerra (guitarra/voz/programações) e Diego Bravo (guitarra/programações/outros), a banda também conta hoje com a participação de Juliano Domingues (guitarra/vocais). Residente em São Paulo, o trio já lançou, de forma independente os discos For Ordinary People (2006) e Moonrise (2007), e se apresentou em locais como o Centro Cultural São Paulo, Túnel do Tempo e Bar Brahma. O som da Strange Music pode ser conferido gratuitamente no site www.myspace.com/musicaestranha.

Mais informações: Diego Bravo - projetostrangemusic@gmail.com – (11) 8923-3831, Juliano Domingues (11) 9142 9132

10.11.09

Isso sim é capa!


Alinne Moraes na capa da Rolling Stone: que pintura, não?

Depois de umas escolhas um tanto "flácidas" para suas capas, a Rolling Stone Brasil "quebrou a banca". Alinne Moraes. De um jeito que ninguém nunca viu (em público, pelo menos). Confesso que nem consegui ler nenhuma das chamadas.

Mais sobre o ensaio aqui.

8.11.09

Macacos (do Ártico) me mordam!


Arctic Monkeys: os quatro moleques de Sheffield cresceram

Não é sempre que uma banda que você no máximo odeia e no mínimo não gosta surpreende desse tanto. Confesso que - até agora - nunca tinha escutado um disco do Arctic Monkeys do começo ao fim. Quando os vi ao vivo - no infame Tim Festival 2007 - eu estava sentado no chão, deveras desinteressado, me recuperando do show da Björk. Bem, agora tive que dar o braço a torcer.

A pulga se instalou atrás da orelha quando soube que quem tinha produzido Humbug, terceiro disco do quarteto, era Josh Homme, a cabeça por trás do Queens of the Stone Age. Depois que vi o vídeo da banda tocando Pretty Visitors ao vivo na MTV inglesa (abaixo), tive que gastar alguns dias procurando o álbum pra baixar.



A evolução dos moleques de Sheffield (UK) é impressionante. De petardos adolescentes como I Bet You Look Good on the Dancefloor, a canções com estrutura mais intrincada e psicodelia pesada, como a nova Fire and the Thud (abaixo) e a já citada Pretty Visitors. E tudo isso em pouco mais de três anos.



A música que me ganhou foi mesmo a segunda faixa de Humbug, Crying and Lightning (abaixo). A influência de Homme fica clara aqui, nos riffs meio stoner, nos solos setentistas e nas viradas psicóticas de bateria. Além do que, a cadência vocal de Alex Turner finalmente vale a pena, e as letras vão mais longe que "fiquei bêbado a noite passada e blábláblá...".



O disco tem até espaço pra uma baladinha singela que foi um verdadeiro soco no estômago. Cornerstone (abaixo) é um exemplo de como a poesia de Turner melhorou. "She was close / close enough to be your ghost / but my chances turned to toast when I asked her / if I could call her your name".



Enfim... Humbug pode não agradar aos fãs hardcore dos Monkeys. Eu não dou a mínima. Pra mim é como se fosse o primeiro trabalho deles. E que venham outros. Pra nos brindar com pérolas como essa:



27.10.09

Pra ver a banda passar! Strange Music, bonequinh0+< e Irmã Talitha em São Paulo


Experimentalismo marca apresentação das bandas Strange Music, bonequinh0+<>no Splash Rock Bar. Casa será palco do reencontro de representantes da cena de Bauru-SP

No próximo sábado, 31 de outubro, às 21h00, o Splash Rock Bar reúne dois nomes da efervescente cena underground de Bauru-SP. A casa vai abrigar o show gratuito das bandas Strange Music (trio de rock alternativo eletrônico/orgânico e lounge), formada em 2006, e da veterana underground bonequinh0+< (garage e noise rock), que já acumula 13 anos de estrada, e se prepara para o lançamento do disco Hellven. É a primeira vez em três anos que as duas bandas dividem o mesmo palco, após a mudança dos integrantes da Strange Music para São Paulo-SP. Ainda na mesma noite, a paulistana Irmã Talitha completa o show com seu hardcore pulsante.

Para os integrantes da Strange Music, a apresentação vai servir para mostrar ao vivo algumas composições do terceiro disco, Música Estranha, em fase de gravação, além de ser uma oportunidade de matar as saudades da cena bauruense. “É um prazer poder ouvir ao vivo mais uma vez o som noise e cru da bonequinh0+<, que inclusive já participou de alguns shows com a gente, quando estávamos começando em Bauru”, diz Diego Bravo, um dos guitarristas e programadores da Strange Music.

O grupo esteve em destaque durante o final de 2008 e primeiro semestre de 2009, principalmente após sua participação no show de lançamento da operadora de telefonia móvel Oi no Estado de São Paulo, quando abriu para Frejat e Lulu Santos no palco de Bauru, e apresentação no projeto Sonoridade Máxima (organizado pelo Centro Cultural SP e dedicado às novas bandas).

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SERVIÇO:
Show das bandas Strange Music, bonequinh0+< style="font-weight: bold;">Splash Rock Bar
– Rua Padre Ildefonso, 64, Santana (ao lado da estação Tietê do metrô)
60 lugares - Não aceita cartões de crédito ou débito
ENTRADA GRATUITA
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Sobre a Strange Music
Formada em 2006, a Strange Music faz uma mistura de rock alternativo dançante, lounge e soul, usando guitarras e bases eletrônicas. Criada pelos amigos Bruno Guerra (guitarra/voz/programações) e Diego Bravo (guitarra/programações/outros), a banda também conta hoje com a participação de Juliano Domingues (guitarra/vocais). Residente em São Paulo, o trio já lançou, de forma independente os discos For Ordinary People (2006) e Moonrise (2007), e se apresentou em locais como o Centro Cultural São Paulo, Túnel do Tempo e Bar Brahma. O som da Strange Music pode ser conferido gratuitamente no site www.myspace.com/musicaestranha. Interessados em saber mais sobre a banda podem visitar o endereço www.strangemusic.zip.net.

21.10.09

Manual prático do niilismo para o self-made man


Che-Mickey: a fagulha da revolta está à venda, e não custa caro

Perdoem-me os incautos, mas o sabor da noite é de niilismo, nicotina e água mineral.

E, enquanto a verborragia loquaz e cheia de dentes do empregador transborda no discurso apaixonado do empregado subserviente, a revolução armada de Che Guevara já não serve mais. Ao menos para nós, a classe média horrorizada e farta "de tanta violência", "tanta miséria", "tanta corrupção" e "tamanha exploração". Não, a fagulha da revolta tem preço. E um tanto menor que imaginávamos.

Afinal, nem mesmo nós, senhores absolutos de pequenos feudos - maravilhosos e desimportantes - podemos vencer a lógica inexorável dele: das kapital. A mudança permanece aprisionada. Pelo menos enquanto acreditarmos - como a empregada doméstica explorada durante o ano inteiro, mas que durante uma noite reina absoluta na passarela do samba (assista a Cronicamente Inviável de Sergio Bianchi) - que é possível ocupar um lugar melhor na cadeia alimentar da Era da Informação. Um lugar acima de outrém.

O conforto do status quo - meio assim, nem muito em cima, nem muito embaixo - dá tempo pra se preocupar em "ser melhor", ou evitar que as coisas ("pelo menos para mim") fiquem piores.
Torna o rebelado um conformista. O ateu, um crente. O esquerdista, um centrista. E o direitista, um afortunado. Até que a vida passe. A Nêmesis da classe média é sua desastrosa busca pelo sucesso do indivíduo - personificada pelo self-made man -, que faz o sujeito querer crescer sozinho, a qualquer preço, e se incomodar por demais com quem não acompanhe essa ascensão.

Mas não importa. Afinal, temos ar condicionado, carro do ano, TV a cabo, uma roupa bonita pra quando quisermos sair. Somos abençoados com a exploração honesta de um emprego que nos cala diante da posibilidade de perdê-lo. Tivemos oportunidades na vida, coisa que muita gente não tem. Nos é reservado o direito de enclausurar nossos ideais em livros que nunca leremos e camisetas que estampam o rosto messiânico de nossos (desconhecidos) heróis.

E, mais importante de tudo: podemos subir na vida.

6.10.09

O caráter “libertário” de uma cinta-liga (?)



Feminista em manifestação nos anos 1960: mostrar o corpo não tem nada de novo

Há pouco mais de uma semana entrevistei Anne Becker (20 anos, estudante de moda, e uma das musas [in]voluntárias do movimento #lingerieday¹), que, com seu arquétipo digital no Twitter – @annebecker –, atraiu a atenção de homens e mulheres (uns 2 mil pra ser um tanto preciso) ao expor corpo e ideias nas chamadas “mídias sociais”. Veementemente criticado pela iniciativa, cedi o espaço aqui configurado a uma ilustre representante do “segundo sexo” (na definição grave de Simone de Beauvoir) – uma mulher, jornalista e pesquisadora das questões de gênero – que julgou a publicação do post uma atitude dessas que reiteram a “posição de inferioridade” feminina na sociedade.

Em minha defesa (e não que eu ache necessário fazê-la), a entrevista, como o título já adiantava, buscava compreender como a Internet radicalizou as possibilidades de romper a barreira do anonimato (ou esculhambar esse conceito tão relativo), seja postando fotos provocantes, seja atacando a esquerda ou a direta, ou ainda produzindo conteúdo sobre qualquer coisa que seja. Claro, não sou hipócrita. Entrevistar uma “musa” da rede vai, invariavelmente, atrair a atenção dos incautos. Ainda mais se ela for @annebecker. E estiver “seminua”. Don’t hate the player, hate the game.

Ademais, o espaço está aberto. E o diálogo é pertinente. Sempre.

¹ Coordenado por Gravataí Merengue – @gravz –, entre outros, o movimento convidava mulheres a colocar em seus perfis do Twitter – no dia  29/07 (supostamente o Dia Internacional da Lingerie) – fotos em que estivessem vestindo lingerie.



Sobre lingeries e submissão – a urgência da condição
feminina segundo uma (outra) mulher
por Talita Zanetti, jornalista e especialista nas 
questões de gênero ligadas ao feminino



“É preciso examinar o arquétipo da mulher moderna. Mulher emancipada, é certo, mas cuja emancipação não atenuou as duas funções, sedutora e doméstica, da mulher burguesa”. Edgar Morin

Toda a discussão começou na manhã de terça-feira passada, 29 de setembro, quando o Bruno anunciou a entrevista com Anne Becker para o Cotidiano Gonzo. Minha reação foi: “Por que você fez isso?” A reposta: “Para conseguir uma maior exposição do meu blog”. Fiquei estarrecida com a resposta. Como assim, em um meio que se pretende “a nova fronteira da comunicação”, as chamadas mídias sociais, é necessário utilizar a mais simples e primária estratégia de marketing, a exposição de uma mulher seminua, para conseguir visibilidade? Desanimador. Mais do mesmo. Bom, esse foi um ponto da discussão que tratou da comunicação em si, os meios e as mensagens, mas que não é o objetivo do presente post. (Alguém se propõe?) 

O ponto mais explorado na polêmica gerada pela entrevista foi a questão do gênero. Também é desanimador ver que muitas mulheres continuam corroborando com atitudes que reiteram nossa posição de inferioridade na sociedade. Se alguém tiver alguma dívida de que as mulheres continuam sendo o que Simone de Beauvoir chamou de ‘segundo sexo’, seguem dados ilustrativos: a RAIS - Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego de 2008 constatou que a proporção dos salários médios das mulheres, quando comparados aos dos homens, ficou em 82,8%. Mostrou, ainda, que se tal diferença for restringida a profissionais com nível superior completo, a diferença salarial é ainda mais expressiva: as mulheres têm salários médios que correspondem a 56,5% dos salários dos homens. Para falar em jornalistas especificamente (grande parte do público deste blog), o último levantamento é datado de 2004, e constata que as profissionais do sexo feminino ganhavam cerca de 78,77% dos salários dos profissionais do sexo masculino.

A leitura superficial desse tipo de comportamento ou posicionamento pode levar a considerações, já expressas neste blog, do tipo: “que atitude corajosa, libertária, a menina não tem medo de falar sobre sexo, de expor a sexualidade”. Este, inclusive, é o ponto mais interessante da entrevista da garota, quanto esta tenta se defender de posturas conservadoras ou discriminatórias: Ah sim, muita gente me chama de puta, vaca, tem gente que acha que eu sou só a foto mesmo e porque eu falo de sexo eu sou uma imbecil sem nada na cabeça, mas eu sinceramente não ligo. Alias, falando mais sobre as pessoas que têm essa atitude negativa quanto a mim (ou qualquer pessoa com mais "liberdade"), eu acho é que na verdade é muito dificil pra maioria das pessoas conceber o fato de que sexualidade não é uma coisa "feia". Tem muita gente que acha que tem que ter extremo pudor ao falar sobre isso, como se fosse errado. 

Concordo com a parte em que ela fala da dificuldade das pessoas falarem sobre sexo, como se fosse uma coisa errada. Conheço as pessoas e sei como nossa sociedade é conservadora e hipócrita. Longe de mim defender a repressão a qualquer tipo de atitude em favor da liberdade. Porém, a critica se coloca no fato de que a exposição do corpo feminino não tem nada de libertária como quer nossa querida Anne Becker, quanto se apresenta como pessoa com mais "liberdade". A exposição do corpo feminino como uma demonstração de vanguardismo, com um quê revolucionário, foi um artifício utilizado pelas mulheres feministas já nas décadas de 1960 e 1970, e foram manifestações inseridas em um contexto histórico muito diferente do nosso. Ou seja, a exposição do corpo feminino não é nenhuma novidade.

Acredito que falta a percepção de que a banalização do corpo feminino corrobora com o machismo reinante na nossa sociedade na medida em que representa a desvalorização da mulher e sua submissão aos estereótipos de beleza, moda e sedução que nos escravizam em todos os tempos (aliás, um dos grandes símbolos da revolução feminista foi a queima de sutiãs, o que também questiona o caráter “libertário” de uma cinta-liga). 

Bom, meus caros e caras, minha intenção aqui não é atacar ninguém, quero apenas apresentar meu ponto de vista e incitar uma discussão um pouco mais aprofundada sobre uma das questões que considero mais urgentes na nossa sociedade: a condição feminina.

29.9.09

Entrevista com @annebecker, ou, Como as redes sociais transformaram o conceito de 'anonimato'






















@annebecker: seus posts já tiraram o sono de mais de 2 mil seguidores

Se você está no Twitter, são grandes as chances de já ter ouvido falar dela. @annebecker já causou discórdia por conta do #lingerieday, mas, no fim das contas, só quer mesmo poder falar o que quiser (em 140) caracteres. Em uma noite ébria de segunda-feira, o Cotidiano Gonzo falou com a garota que já tirou o sono de mais de 2 mil seguidores. Confira.

Cotidiano Gonzo 
desde quando você está no Twitter? 

Anne:  
hm, começar mesmo acho que comecei no final de 2007 ou começo de 2008, mas fui passar a usar de verdade e postar com frequencia mais ou menos em fevereiro de 2009. 

e você tem algum objetivo tangível com isso? 
com o twitter? não, eu posto por diversão mesmo. conheci algumas pessoas muito legais por lá (conheci até meu namorado via twitter) e achei até estranho como eu fiquei meio "popular" com o tempo, mas é só diversão mesmo. claro que se aparecer alguma coisa "séria" que envolva o twitter e a minha imagem na internet, eu vou considerar sim. 

e a que você atribui a popularização do seu Twitter?  
Acho que boa parte foram pelas fotos que eu posto, claro. Mas não sei, eu falo bastante besteira também e tenho amigos "conhecidos" na internet que eu costumo conversar bastante via twitter, daí uma coisa leva a outra...

você enfrentou algum tipo de represália por conta do lingerie day e por postar fotos (como essa do seu MSN), digamos, insinuantes? 

Ah sim, muita gente me chama de puta, vaca, tem gente que acha que eu sou só a foto mesmo e porque eu falo de sexo eu sou uma imbecil sem nada na cabeça, mas eu sinceramente não ligo. Alias, falando mais sobre as pessoas que têm essa atitude negativa quanto a mim (ou qualquer pessoa com mais "liberdade"), eu acho é que na verdade é muito dificil pra maioria das pessoas conceber o fato de que sexualidade não é uma coisa "feia". Tem muita gente que acha que tem que ter extremo pudor ao falar sobre isso, como se fosse errado. E é por isso que tem tanta menina nova ficando gravida cedo ou não sabendo o que fazer com a vida sexual.

quantos anos você tem? 

20 anos.

e o que você faz da vida?

Eu estudo e trabalho com moda.

seu nome é Anne Becker de verdade?

Sim

bonito nome! e como minha cerveja e meus cigarros vão acabar logo mais, proponho um "pergunta e resposta" rápido. Que tal? 
ok haha ;p

1.) Um 'must follow' do Twitter 
Nossa, muitos, pode ser mais de um?

Até 3. 
@lubom, @tdbem e @gravz.

2.) @annebecker é.. 
louca, acho. aiuheiuha 

3.) Orkut, Facebook ou Twitter? 
Twitter.

4.) Por quê? 
Mais dinamico e mais rapido. 

5.) Uma mensagem para todos aqueles que querem te ver nua depois do #lingerieday 
Só acontece se tiver muito dinheiro envolvido, caso contrário, sorry! Mas obrigada ;p 

6.) (e pra finalizar) por que deveríamos continuar te seguindo (além das fotos)? 
Não sei, quem me segue que deveria dizer isso, não eu, né?

28.9.09

Quem tem medo das mídias sociais?


Tas no Seminário INFO: "O Twitter é para ouvir". Tá certo então...


Esses dias rolou de ir ao Seminário Info – Twitter, orkut e Flickr. Foi num hotel chique no Brooklin. Tinha muita comida de coquetel e espaço ao ar livre pra fazer fumaça. Walter Longo esteve lá (grata surpresa, já que eu não conhecia o mancebo), bem como Marcelo Tas, que pagou de showman e falou pouca coisa pra valer (além de "O Twitter serve para ouvir"). Tinha internet wireless, o que, aliás, permitiu que eu fizesse uma cobertura em tempo (quase) real pelo Twitter.

Agora os pontos que me incomodaram sobremaneira.

1. Ninguém sabe exatamente do que está falando quando o assunto é "mídias sociais"

Porra. Sentar por quase 10 horas em um auditório e ouvir umas 57 vezes que "ainda é muito incerto", "são possibilidades embrionárias" e o cacete não era exatamente o que eu estava esperando. Ok, eu sabia que ia ser mais ou menos isso mesmo, dada a ignorância generalizada acerca do assunto e a quantidade de pessoas com mais de 30 anos que lotavam o evento. However, achei que poderia ver como (afinal, como?) as empresas estão lidando com a nova bolha da internet.


No fim, só descobri que: a lendária venda de apartamento que a Tecnisa fez pelo Twitter serviu para o gerente de comunicação digital (ou algo que o valha) da construtora, um cara aparentemente gente boa, reverter um pouco a sua 'fama' de vagabundo dentro da empresa; o Twitter da Natura (não procurei e não achei o link) é mantido por 9 pessoas que se revesam semanalmente; alguns diretores não fazem "a menor idéia" de quais ferramentas ou aplicativos podem ser utilizados para gerenciar os perfis de suas empresas nas redes sociais. Muito emocionante.

2. Empresas com medo saltam no escuro em busca de "gestão da comunicação digital"

Calma, muita calma! Nada contra aproveitar que finalmente o cidadão comum possa meter medo em uma corporação simplesmente por escrever alguma merda em um formulário de comentários de um blog corporativo, e que alguém possa ganhar uma grana com isso. O problema é que estão criando uma atmosfera terrorista em cima do negócio. E tem muita gente disposta a lucrar em cima, sem (repito o que já disse) saber exatamente do que está falando (e/ou o que está fazendo).

Meus caros executivos, CEOs, stakefuckingholders e chairmen de todos os tipos: não se iludam. Ainda vai levar um tempo até que consigamos derrubá-los com o clique de um mouse, ou uma choradinha no Twitter. Então, valorize o conselho que dou de graça (mas só desta vez,): só entre nessa se souber quem você está pagando. E para fazer o quê. A velha máxima permanece: Don't believe the hype!


E muito menos em um blogueiro/"tuiteiro" que se define como "relevante". Argh!

P.S.: siga o Cotidiano Gonzo no Twitter. É só clicar aqui, e se juntar ao lado Gonzo da Força.

22.9.09

No Twitter


Perfil do Cotidiano Gonzo no Twitter: #FuckingFollow

Demorou, mas inaugurei. A mais nova forma de encher o saco de todo mundo com atualizações do Cotidiano Gonzo e outra extravagâncias. Vocês ainda vão ouvir falar de nós. Em 140 caracteres.

Os incautos podem seguir por aqui. Ou, simplesmente clicar no menu aí ao lado.

Enjoy!

14.9.09

Cinco (ou mais) músicas para ouvir durante o sexo



Antes de mais nada, essa lista foi praticamente encomendada. Some-se a isso o fato de que rankings de qualquer coisa parecem fazer sucesso na blogosfera e temos mais um post gloriosamente supérfluo - e extremamente carregado de hormônios.


Bem, pra quem quer se aprimorar na lida, um novo truque é sempre benvindo. E uma playlist bem escolhida pode ajudar a quebrar o gelo e emoldurar melhor aqueles momentos íntimos, por assim dizer.

Apresento-lhes cinco (ou mais) músicas para se ouvir durante o sexo (mas espero que a sua brincadeira dure um pouco mais que isso):

5-) "Walk on the Wild Side" - Lou Reed



Quem diria que o heroin junkie seria uma boa escolha pras preliminares? Eu não acreditava até tentar.

4-) "Time of the Season" - The Zombies



Apesar do nome meio mórbido, a banda deve ter embalado vários amassos dentro dos carros com este hit da década de 1960. "It's the time of the season for loving".

3-) "I'm Your Boogie Man" / "Keep it Coming Love" - KC and the Sunshine Band



Ok, ok. A banda é farofa, e a(s) escolha(s), polêmica(s). Mas sempre funcionou pra mim. Talvez seja interessante experimentar também a versão do White Zombie (abaixo) para a primeira delas.



2-) "I Get Lifted" - George McCrae



Esse funkeiro da Flórida conseguiu criar uma das músicas mais sexy dos anos 1970. Preste atenção no baixo, se puder. "Girl, I can tell ya', you turn me on". Indeed, indeed.

1-) "Sexual Healing" e "Let's Get it On" - Marvin Gaye

Não consegui evitar o clichê. Empate técnico do Trouble Man com ele mesmo. Ia limar "Let's Get in On", já que a música foi usada até em um filme do Hugh Grant, e deixar só "Sexual Healing", mas não deu. Medalha de ouro dupla para Mr. Gaye. Deixe a cura começar...



11.9.09

Cachaça em 140 caracteres


Cachaça Poesia: embalagem-livro e perfil no Twitter

Não é por nada, mas não é sempre que se vê uma marca de cachaça no Twitter. Ainda mais uma das boas. Eu já provei a Poesia - artesanal, do sul de Minas -, e recomendo. Por conta dela, aliás, já fui parar no Rio e em Brasília, onde arranhei alguns sabores e dissabores. Vida.

Enfim. Além de ser uma das poucas aguardentes que tem um site decente, onde é possível comprar com segurança e encontrar informações sobre o produto, a Poesia enveredou pro microblog-febre-das-mídias-sociais, usando o serviço para diivulgar algumas promoções e conteúdos correlatos.

No domingo agora, 13/09, rola uma dessas promos. É Dia Nacional da Cachaça, e pra comemorar, a Poesia vai premiar os três candangos que enviarem a melhor frase ou poema sobre a BOA E VELHA BRANQUINHA com um kit especial "Livro de Poesia" (foto acima), uma embalagem especial pra presente, com uma garrafa de 700 ml e dois copos personalizados. Detalhes aqui.

Siga o Poeta (@CachacaPoesia), mande sua tentiva no dia 13 e seja feliz!

"Bebo da branca / Bebo da amarela / Só não bebo da roxa / Porque não inventaram ela." (Quadra popular em Minas)