28.12.09

Resoluções...


2009: Aprendi que o futuro fica pra frente, e pra trás, e pros lados...


[ego]


Olha, nem dá pra dizer o quanto eu evitei fazer isso. Acho um clichê sem tamanho, além de não interessar pra ninguém além de mim. However, na madrugada de domingo para segunda-feira, às vesperas do ocaso de 2009, o que há de melhor para fazer? E, no mínimo, manter isso aqui vai me dar uma força pra não esquecer de tudo o que prometi. So, sem mais delongas, a minha lista de resoluções para 2010.


01. Trabalhar menos e melhor

Interessante isso aqui ser o primeiro item, não? É sintomático, no mínimo. Bem, desde que comecei a trabalhar efetivamente, há pouco mais de dois anos, já achava um absurdo que toda a evolução da técnica - ah, essa vocação da civilização ocidental - tivesse feito com que nós tivéssemos que trabalhar cada vez mais, quando poderíamos trabalhar cada vez menos. Sou simpatizante de Domenico De Masi, mas, como diria minha mãe, isso parece ser mesmo só até "a água bater na bunda". Inevitavelmente, temos que trabalhar. Quanto a isso, não há dúvida. Porém, "como", trabalhamos é que parece ser o determinante.

Bem, depois de dois anos de trabalho (quase) formal eu senti também a ausência de férias - pulando de um emprego para o outro, não cheguei a completar o tempo necessário para os dias de descanso anuais, pelo menos até agora (yeah!). Eu cheguei a pensar - e suspeito, realmente, até agora - que tinha desenvolvido a Síndrome de Burnout.

Isso se explica por, pelo menos, duas coisas, creio eu. Primeiro, trabalho com comunicação. E você não precisa ser o Sherlock Holmes pra saber o que isso significa, não? Segundo, e mais importante: oito horas (quase) nunca são oito horas. Explico: mesmo que você respeite a sua jornada de trabalho à risca (o que, infelizmente, é difícil de acontecer no mundo da comunicação e em tantos outros), nem um minuto a menos, nem um minuto a mais, desligar-se da pressão, dos problemas e da nossa própria cobrança com relação ao trabalho é mais fácil na teoria do que na prática.

O patrão está certo em te pagar somente pelas 8 (ou 9, ou 10, ou 11) horas que você passa dentro do escritório. O que está errado é viver o trabalho o tempo todo, não conseguir nunca se desvencilhar dele. Isso é hora extra de graça. E você não é otário pra trabalhar de graça, é? Infelizmente, isso é outra maldição da civilização ocidental. Produza, consuma. Round two, fight. E é claro que a produtividade (a musa do self made man) cai. Você acaba preso em um círculo vicioso: quanto mais trabalho, menos consigo produzir, logo, tenho que trabalhar mais. Até as próximas férias...

RESOLUÇÃO: Eu não sou o meu trabalho, ou o meu emprego formal (ou quase, em muitos casos). E não me importo que outras pessoas pensem assim. Pior para elas. Eu não quero isso pra mim. Que em 2010 oito horas valham por 16, mas que sejam apenas oito. #BATE O PONTO#


02. Dar um tempo no vício por "informação"

Ok, campeão. Você não precisa clicar em todos os links que postam no Twitter. Não precisa acessar todos os blogs que te recomendam. Não precisa ficar com o GMail aberto o tempo todo. By the way, melhor trocar aquela tecla F5 que já está quase afundada no teclado.

Em 2009 eu perdi as contas de quantas vezes abri tantas abas no meu navegador que, de repente, já não tinha mais a menor idéia do que é que eu estava fazendo.

Outro dia quase briguei - fisicamente falando - com um ex-colega de faculdade em um bar. A cada 2 minutos or so ele usava seu smart phone com plano de internet ilimitada para postar ou ler mensagens no Twitter. E estávamos comemorando o aniversário de uma outra ex-colega na ocasião. "Deprimente", eu pensei. E, é claro, escondi o celular no meu bolso quando ele não estava olhando, só pra alfinetar. Só que, botando a mão na consciência, consigo ver que não estou muito longe disso. Só me falta o plano de internet ilimitado. (Em tempo: a briga não teve muito a ver com isso, obviamente. Foi só a "entrada".)

Em inúmeros momentos ao longo do ano eu descobri que não lembrava mais qual era aquela coisa que até 5 minutos atrás era super legal e que eu precisava mostrar para os meus amigos. Fora o tanto de vezes em que eu simplesmente não consegui me lembrar (alô, memória, alguém lembra disso? Ou todo mundo colocou tudo "na nuvem"?) onde é que eu tinha visto essa "coisa super legal".

RESOLUÇÃO: Eu não preciso seguir a Twittess (até porque mais da metade do que ela fala é abobrinha, anyway), nem o Cardoso (afinal, por que é que alguém achou que esse cara era legal?), o Gravz (vá lá ver e quem sabe você entende a razão), a Anne Becker (você realmente precisa do Twitter pra ver mulher seminua? Ou vai dizer que são as idéias bacanas dela que te atraem?) ou qualquer uma dessas "celebridades" (e eu sei que elas "Ó-DEI-AM", ser chamadas assim) das mídias sociais. Como muito do meu "interesse" por essas figuras é algo antropológico, pode ser que em 2010 a ferramenta de listas do Twitter passe a fazer mais sentido. Ah, quase me esqueci: "Tem muita gente boa produzindo conteúdo fora do eixo da mídia tradicional" foi uma das frases que mais ouvi em 2009. De amigo secreto eu devia ter pedido o telefone desse contingente de iluminados.


03. Ler, escrever, ouvir e fazer mais música

Olha, por conta do retratado no item 01., acima, eu fiz muito pouco de tudo isso aí em 2009. É claro que teve muito mais coisa envolvida, como o fim de um casamento (que, olha, também deve muito ao item 01.), uma mudança de casa, algumas viagens ao Rio e a Brasília e etc. E eu preciso dizer: eu sou MOVIDO a isso tudo.

Embora 2009 tenha sido relativamente menos produtivo que anos anteriores, dá pra dizer que fiz até um bocado. Com a Strange Music, por exemplo. Não saiu o disco que era pra ter saído, mas, em compensação, demos nossos pulos! E ainda sobre música, sei que tenho uma pilha de discos para ouvir. Poderia ser pior. Eu poderia não ter nenhum. E, felizmente, vi que ainda existem coisas boas a ser descobertas (mesmo que alguém já as tenha descoberto antes).

O único livro que li inteiro esse ano ("A Cortina" de Milan Kundera, que recomendo, por sinal) tinha menos de 150 páginas (acho até que menos de 100!). No entanto, já fazia pelo menos um ano que eu não lia nada até o fim. Por mais um ano, adiei o eterno projeto de escrever um livro. Um bom livro, porque o mundo não precisa de mais um "Até o dia em que o cão morreu" (sorry, Galera). E, claro, sei que, atualmente, não conseguirei fazer isso em menos de um ano. Mas, mais uma vez, eu sequer comecei. Em contrapartida, temos este blog aqui. Fico orgulhoso de ver que finalmente consegui postar com uma certa regularidade, e que vocês estão comentando com uma certa regularidade! Espero, sinceramente, que estejam gostando...

RESOLUÇÃO: Eu não preciso escrever um livro em 2010. Nem sequer começar. Posso fazer isso quando estiver pronto, e quando tiver algo a dizer. Eu posso ouvir toda música que eu quiser, mas só vou ouvir aquilo que realmente me der vontade. Pretendo começar pelos clássicos. Mesma coisa com a literatura. E vou colocar uma meta humilde. Quatro livros lidos do começo ao fim em 2010. Como vou fazer isso? Talvez eu precise, antes de mais nada, reler os itens 01. e 02., supracitados. Ah, claro, sem esquecer da minha querida Strange Music. 2010 vai ser o nosso ano. O terceiro disco "Música Estranha" vai ficar pronto quando for pra ficar (desde que seja ainda no primeiro semestre, hahahaha). E vamos, efetivamente, fazer com que você nos ouça. Isso, é claro, se você der a mínima. E se não der, bem...

Feliz 2010.


Um comentário:

Marcelo Quaz disse...

E aí, meu caro?
Fico feliz em pela última vez no ano dar uma passada por aqui.

Como sempre acho, e já comentei algumas vezes, o texto mexe comigo. Tanto nas entrelinhas, quanto na reflexão contida.

Com certeza suas resoluções são inteligentes. Digo isso, me dou o direito, por ter sido o companheiro frenético do link de 5 minutos atrás. Sem precisar comentar o resto do tudo compartilhado. Sagaz!

E, acima de tudo, sincero! Interior.

Em tempo, sobre o ser ou não ser o trabalho. Podemos ser, sim, o nosso trabalho. Basta encará-lo como qualquer atividade para a qual despendemos nossas energias, mentais e físicas, de forma a transformar a matéria em produto. Daí, inclua em seus produtos desejáveis: música, feita e ouvida, literatura, informação, amor, etc. Ponha as suas resoluções em prática e seja o seu trabalho. Componha, leia, cresça, transe. E ganhe o dinhbeiro que der durante tudo isso. Tipo tripalium X poiesis!


Que seu 2010 (e aqui tb. peço desculpas pelo clichê do voto) guarde todas as suas resoluções. Pois seria um presente à sua sensibilidade e ao Cotidiano Gonzo também.

Espero manter contato forte! Mesmo que a vida nos mostre que às vezes o caminho é debandar!

abs

Marcelo Quaz