29.12.09

I'm stranded

Bem, como sempre, eu faço tudo ao mesmo. E contrariando (ou talvez, indo ao encontro das) minhas resoluções para 2010, resolvi já colocar na praça a minha intenção de tocar um projeto solo, paralelo à Strange Music. Já tem um tempo que estou pensando nisso, um lance meio "banda de um homem só", com coisas que faço e que não servem para a banda. E começou, por acaso, outro dia, quando me perdi em cerca de 3 horas de guitarra e produção eletrônica.

A idéia do STRANDED (sim, esse é o nome, um tanto simbólico, aliás) é ser meio rascunho, mesmo. Tenho a idéia, toco, gravo e publico por aí. Essa música incidental, que marca o nascimento do novo projeto, se chama "rAIVA". E o 'vídeo' abaixo foi montado com fotos que eu e alguns colaboradores fizemos por aí.

Espero que gostem. Logo tem mais.


28.12.09

Resoluções...


2009: Aprendi que o futuro fica pra frente, e pra trás, e pros lados...


[ego]


Olha, nem dá pra dizer o quanto eu evitei fazer isso. Acho um clichê sem tamanho, além de não interessar pra ninguém além de mim. However, na madrugada de domingo para segunda-feira, às vesperas do ocaso de 2009, o que há de melhor para fazer? E, no mínimo, manter isso aqui vai me dar uma força pra não esquecer de tudo o que prometi. So, sem mais delongas, a minha lista de resoluções para 2010.


01. Trabalhar menos e melhor

Interessante isso aqui ser o primeiro item, não? É sintomático, no mínimo. Bem, desde que comecei a trabalhar efetivamente, há pouco mais de dois anos, já achava um absurdo que toda a evolução da técnica - ah, essa vocação da civilização ocidental - tivesse feito com que nós tivéssemos que trabalhar cada vez mais, quando poderíamos trabalhar cada vez menos. Sou simpatizante de Domenico De Masi, mas, como diria minha mãe, isso parece ser mesmo só até "a água bater na bunda". Inevitavelmente, temos que trabalhar. Quanto a isso, não há dúvida. Porém, "como", trabalhamos é que parece ser o determinante.

Bem, depois de dois anos de trabalho (quase) formal eu senti também a ausência de férias - pulando de um emprego para o outro, não cheguei a completar o tempo necessário para os dias de descanso anuais, pelo menos até agora (yeah!). Eu cheguei a pensar - e suspeito, realmente, até agora - que tinha desenvolvido a Síndrome de Burnout.

Isso se explica por, pelo menos, duas coisas, creio eu. Primeiro, trabalho com comunicação. E você não precisa ser o Sherlock Holmes pra saber o que isso significa, não? Segundo, e mais importante: oito horas (quase) nunca são oito horas. Explico: mesmo que você respeite a sua jornada de trabalho à risca (o que, infelizmente, é difícil de acontecer no mundo da comunicação e em tantos outros), nem um minuto a menos, nem um minuto a mais, desligar-se da pressão, dos problemas e da nossa própria cobrança com relação ao trabalho é mais fácil na teoria do que na prática.

O patrão está certo em te pagar somente pelas 8 (ou 9, ou 10, ou 11) horas que você passa dentro do escritório. O que está errado é viver o trabalho o tempo todo, não conseguir nunca se desvencilhar dele. Isso é hora extra de graça. E você não é otário pra trabalhar de graça, é? Infelizmente, isso é outra maldição da civilização ocidental. Produza, consuma. Round two, fight. E é claro que a produtividade (a musa do self made man) cai. Você acaba preso em um círculo vicioso: quanto mais trabalho, menos consigo produzir, logo, tenho que trabalhar mais. Até as próximas férias...

RESOLUÇÃO: Eu não sou o meu trabalho, ou o meu emprego formal (ou quase, em muitos casos). E não me importo que outras pessoas pensem assim. Pior para elas. Eu não quero isso pra mim. Que em 2010 oito horas valham por 16, mas que sejam apenas oito. #BATE O PONTO#


02. Dar um tempo no vício por "informação"

Ok, campeão. Você não precisa clicar em todos os links que postam no Twitter. Não precisa acessar todos os blogs que te recomendam. Não precisa ficar com o GMail aberto o tempo todo. By the way, melhor trocar aquela tecla F5 que já está quase afundada no teclado.

Em 2009 eu perdi as contas de quantas vezes abri tantas abas no meu navegador que, de repente, já não tinha mais a menor idéia do que é que eu estava fazendo.

Outro dia quase briguei - fisicamente falando - com um ex-colega de faculdade em um bar. A cada 2 minutos or so ele usava seu smart phone com plano de internet ilimitada para postar ou ler mensagens no Twitter. E estávamos comemorando o aniversário de uma outra ex-colega na ocasião. "Deprimente", eu pensei. E, é claro, escondi o celular no meu bolso quando ele não estava olhando, só pra alfinetar. Só que, botando a mão na consciência, consigo ver que não estou muito longe disso. Só me falta o plano de internet ilimitado. (Em tempo: a briga não teve muito a ver com isso, obviamente. Foi só a "entrada".)

Em inúmeros momentos ao longo do ano eu descobri que não lembrava mais qual era aquela coisa que até 5 minutos atrás era super legal e que eu precisava mostrar para os meus amigos. Fora o tanto de vezes em que eu simplesmente não consegui me lembrar (alô, memória, alguém lembra disso? Ou todo mundo colocou tudo "na nuvem"?) onde é que eu tinha visto essa "coisa super legal".

RESOLUÇÃO: Eu não preciso seguir a Twittess (até porque mais da metade do que ela fala é abobrinha, anyway), nem o Cardoso (afinal, por que é que alguém achou que esse cara era legal?), o Gravz (vá lá ver e quem sabe você entende a razão), a Anne Becker (você realmente precisa do Twitter pra ver mulher seminua? Ou vai dizer que são as idéias bacanas dela que te atraem?) ou qualquer uma dessas "celebridades" (e eu sei que elas "Ó-DEI-AM", ser chamadas assim) das mídias sociais. Como muito do meu "interesse" por essas figuras é algo antropológico, pode ser que em 2010 a ferramenta de listas do Twitter passe a fazer mais sentido. Ah, quase me esqueci: "Tem muita gente boa produzindo conteúdo fora do eixo da mídia tradicional" foi uma das frases que mais ouvi em 2009. De amigo secreto eu devia ter pedido o telefone desse contingente de iluminados.


03. Ler, escrever, ouvir e fazer mais música

Olha, por conta do retratado no item 01., acima, eu fiz muito pouco de tudo isso aí em 2009. É claro que teve muito mais coisa envolvida, como o fim de um casamento (que, olha, também deve muito ao item 01.), uma mudança de casa, algumas viagens ao Rio e a Brasília e etc. E eu preciso dizer: eu sou MOVIDO a isso tudo.

Embora 2009 tenha sido relativamente menos produtivo que anos anteriores, dá pra dizer que fiz até um bocado. Com a Strange Music, por exemplo. Não saiu o disco que era pra ter saído, mas, em compensação, demos nossos pulos! E ainda sobre música, sei que tenho uma pilha de discos para ouvir. Poderia ser pior. Eu poderia não ter nenhum. E, felizmente, vi que ainda existem coisas boas a ser descobertas (mesmo que alguém já as tenha descoberto antes).

O único livro que li inteiro esse ano ("A Cortina" de Milan Kundera, que recomendo, por sinal) tinha menos de 150 páginas (acho até que menos de 100!). No entanto, já fazia pelo menos um ano que eu não lia nada até o fim. Por mais um ano, adiei o eterno projeto de escrever um livro. Um bom livro, porque o mundo não precisa de mais um "Até o dia em que o cão morreu" (sorry, Galera). E, claro, sei que, atualmente, não conseguirei fazer isso em menos de um ano. Mas, mais uma vez, eu sequer comecei. Em contrapartida, temos este blog aqui. Fico orgulhoso de ver que finalmente consegui postar com uma certa regularidade, e que vocês estão comentando com uma certa regularidade! Espero, sinceramente, que estejam gostando...

RESOLUÇÃO: Eu não preciso escrever um livro em 2010. Nem sequer começar. Posso fazer isso quando estiver pronto, e quando tiver algo a dizer. Eu posso ouvir toda música que eu quiser, mas só vou ouvir aquilo que realmente me der vontade. Pretendo começar pelos clássicos. Mesma coisa com a literatura. E vou colocar uma meta humilde. Quatro livros lidos do começo ao fim em 2010. Como vou fazer isso? Talvez eu precise, antes de mais nada, reler os itens 01. e 02., supracitados. Ah, claro, sem esquecer da minha querida Strange Music. 2010 vai ser o nosso ano. O terceiro disco "Música Estranha" vai ficar pronto quando for pra ficar (desde que seja ainda no primeiro semestre, hahahaha). E vamos, efetivamente, fazer com que você nos ouça. Isso, é claro, se você der a mínima. E se não der, bem...

Feliz 2010.


25.12.09

Feliz Natal da Música Estranha

Originalmente postado no blog da Strange Music



O ano de 2009 foi do balacobaco para a Strange Music a.k.a. Música Estranha! Tocamos em lugares que nunca imaginávamos, como o Centro Cultural São Paulo, o Na Mata Café e até mesmo o "canil" da ECA-USP, fizemos shows para grandes plateias, e outras nem tanto, cultivamos novas amizades, bebemos, amargamos ressacas, planejamos e replanejamos, compusemos, gravamos, e vislumbramos o lançamento do terceiro disco, nosso próprio Álbum Branco.

O trabalho, que viria batizado de forma homônima à banda em sua transposição para nossa língua matter (Música Estranha), no entanto, não veio. Ainda. Como não vivemos só como banda, a VIDA fez com que tivéssemos que adiar um pouco esse novo rebento. Queríamos o melhor que pudéssemos fazer, mesmo com todos os impedimentos. Um CD prensado, com mil cópias ou mais, arte bacana, encarte completo e essas coisas que só os fetichistas da era pré-digital ainda conseguem entender. Além, é claro, de toda a pós-produção que um som que se posta pelos diferentes timbres e brincadeiras eletro-orgânicas merece. Ficou "pro ano que vem"...

"Doismilinove" ainda não foi o nosso ano. Foi um PUTA ano, que fique bem claro, mas ainda não conseguimos nos livrar de certas restrições e provincianismos/panelismos que, sinceramente, não esperávamos encontrar em São Paulo, a terra da oportunidade tupiniquim. Pra 2010, esperamos algo ainda mais intenso, vibrante, e cheio de cores. Com todos vocês, que sempre nos apoiaram, pulando conosco na primeira fila, em mais uma viagem transcedental.

E é nesse espírito que queremos dedicar a todos vocês, bravos guerrilheiros do cotidiano e amantes da música feita com as entranhas, esse vídeo de uma música inédita, "Vai", conhecida apenas por quem foi a nossos últimos shows, e que estará transmutada em um faixa física logo mais, quando sair do forno o nosso próximo filhote.

Um ótimo ano a todos! Nos vemos em 2010!

Bruno Guerra & Strange Music

14.12.09

Um homem e sua música


Frusciante em ação: a Fênix do rock em voo solo de novo
Dê um play no vídeo abaixo antes de ler o post. Vai fazer muito mais sentido.



John Frusciante é uma das figuras que mais admiro no chamado "rock n' roll". Mais conhecido por seu trabalho como guitarrista em vários discos e shows do Red Hot Chili Peppers, ele também tem uma extensa discografia solo (em 2004, num surto de criatividade, lançou 5 discos ao longo do ano). É dele o famoso riff de Under the Bridge, e também a perturbadora Going Inside.

Nunca fui muito fã dos Peppers, mas Frusciante me ganhou quando ouvi Shadows Collide With People, um de seus discos de 2004. Pesquisando um pouco na época, descobri que perturbadora mesmo era a sua história. Em 1992, depois do sucesso de Blood Sugar Sex Magik (que trazia Under the Bridge, Give It Away e outros hits) Frusciante largou a banda e se acabou na heroína. Quase morreu, perdeu vários dentes e etc. Em meados da década, uma equipe de TV holandesa que aparentemente fazia um documentário sobre os Chili Peppers o descobriu em sua casa, assim
:



O músico só voltaria a tocar com a antiga banda - já recuperado do vício - em 1999, com o lançamento de Californication (outro sucesso). A partir daí, o guitarrista também começou a levar mais a sério sua carreira solo (em 1995 e 1997 ele já havia lançado discos, mas, como ele mesmo declarou, era só pra arrumar grana pra heroína). Com influências como Jimi Hendrix e Lou Reed, Frusciante deixou um pouco de lado o funk rock do Chili Peppers pra construir canções mais obscuras, com temáticas tão conturbadas quanto sua própria trajetória. E cantando bem melhor que Anthony Kiedis, na minha opinião.

Recentemente, recebi uma ótima (e atrasada) notícia. Saíra no começo do ano o décimo disco dele. Batizado de The Empyrean, é altamente atmosférico, poético e parecia adiantar (mais) uma grande guinada na vida do músico. Músicas de 8 minutos, uma introdução meio parecida com Maggot Brain, alguma bateria eletrônica e falsetes indefectíveis. Era o John de sempre, mas alguma coisa estava diferente...


The Empyrean: estranho e belo como sempre

Bem, eu sempre me perguntei como um cara que escreve músicas como Dark/Light (veja abaixo) conseguia continuar fazendo farofada com uma mega banda como os Chili Peppers. Bem, a ideia de adiar esse post até agora - e o estranho pressentimento que veio com The Empyrean - acabou de fazer sentido. Descobri há poucas horas que Frusciante deixou (de novo) Kiedis, Flea e Chad Smith na mão. A informação ainda não é 100% oficial, mas parece que até já arrumaram outro guitarrista.



Bem, parece que a Fênix vai, finalmente, alçar um belo voo solo. Boa sorte, John. "Taí um que deveria ser descoberto antes de morrer", como diria um velho amigo.