26.4.09

E então, minha cabeça explodiu!



Eu já jurei que não escreveria sobre cinema. Afinal, além de assistir a "O Poderoso Chefão" e "Apocalypse Now", pouco fiz para ser gabaritado nessa lida. Aliás, sempre vi os filmes mais como experiência humana do que como exercício de estética/conteúdo (seriam a mesma coisa?), e pouca coisa de que realmente gostei parece ser digno de nota. Mas, pouco depois de assistir a "Sinedóque, Nova Iorque", estreia de Charlie Kaufman na direção, achei que seria bom fazê-lo.

Bem, o estreante em questão já é veterano de roteiro/produção, e, assim como David Lynch, um daqueles que me fazem pensar "E depois disso, o quê?!" a cada contato com suas obras (em tempo, fora de hora: a violonista americana Kaki King também está entre estes exemplos, guardadas as devidas proporções). Até temi ver seu último filme por conta de críticas rasas, mas 120 minutos de Philip Seymour Hoffman e cia. depois... Ora, ora... Mais uma vez o velho Charlie não desapontou. E mais: fez um filme como há muito tempo ninguém fazia, desses que podem mudar perspectivas.

Não vou resenhar o longa aqui. Não posso e nem quero. Basta dizer que, "ao tentar construir um gigantesco simulacro de sua própria existência, diretor de teatro com a saúde despedaçada descobre o quão pequena uma vida pode ser". Parabéns, Charlie! Talvez você tenha criado um dos filmes mais magalomaníacos desde "Cidadão Kane", mas valeu a pena. Pelo menos para mim, que não sou
entendedor, nem cinéfilo.

E depois disso, o quê?!

21.4.09

Um álbum capaz de acalmar corações



Pausa para ouvir "American Beauty" (Grateful Dead, 1970) de cabo a rabo.


Impressionante como os doidos capitaneados por Jerry Garcia conseguiram criar calmante em forma de ondas sonoras. Timothy Leary deve mesmo ter ensinado algo a esses caras! Só que neste caso nem é preciso de drogas pra aproveitar os miraculosos efeitos medicinais. Bastam os primeiros acordes de "Box of Rain" e ZIIIIIIIIM!

Alguns discos têm essas propriedades quase místicas. "Cure for Pain" (Morphine, 1993) é um deles. Mark Sandman, sem querer, acabou atingindo sua própria utopia, ao uivar "Someday, there'll be a cure fore pain. That's the day I'll throw my drugs all away. When they find a cure for pain". Porra, esse realmente me ajudou a passar por tempos difíceis. E tenho certeza de que qualquer um por aí tem seus próprios exemplos...

Bem. Voltando ao "Dead", eu não poderia ser mais enfático ao recomendar a audição de "American Beauty", do começo ao fim, numa tacada só, em uma noite qualquer de "depressão outonal". Os mais incautos irão imediatamente jogar fora a receita do Dr. Guerra por uma associação (um tanto quanto) natural ao "Verão do Amor" ao LSD e a viagens instrumentais intermináveis. Nope! Aqui, Garcia e cia. estão incrivelmente contidos (pero igualmente virtuosos), mergulhados nas raízes sonoras que os influenciaram.

Country e folk-rock cheios de camadas e arranjos vocais impecáveis. Aqui o Dead funciona como se fosse um só instrumento. O registro em estúdio é a obra-prima da banda, e (na minha humilde opinião), um dos dez melhores discos dos anos 70.

Alguém discorda?