28.7.10

Gonzo Cotidiano 3(?): Quarta-feira, "Dia Internacional do 'Regaço'"





Eu regaço, tu regaças, ele regaça, nós regaçamos!


Para EV, MQ, RL, FM, RF e MN (também conhecido como VN).


Algumas almas queridas que povoam meu Cotidiano Gonzo e eu decidimos decretar, mesmo sem autorização da ONU, a quarta-feira o "Dia Internacional do 'Regaço'".

Como bem me alertou uma amiga outro dia, muita gente pode não saber que "regaço" é o diminutivo interiorano para "arregaço", substantivo (?) que, em algum momento da história, passou a significar "estrago", "bagunça" e etc. Mas vocês são, evidentemente, pessoas esclarecidas. Prossigamos.

Bom, já vou começar me justificando. A quarta-feira é ideal porque nesse ponto da semana a rotina já deu no saco, mas a vitalidade dos pós-adolescentes (de todas as idades) ainda é suficiente pra segurar a onda de uma noite mal dormida.

Perfeita pra sintonizar os corações que se separam por baias de fórmica e os transeuntes de todas as etnias, credos, orientações políticas e times de futebol.

Aliás, vamos continuar essa conversa no bar?

Dá um alô, mas pelo celular, que a essa altura eu já devo ter começado os trabalhos.

Salve!

26.7.10

Funeral para a classe média

O septeto Arcade Fire em ação: depois de passar a fase do hype fica bem melhor (foto tirada daqui)
Eu já fui dos detratores do Arcade Fire. Mea culpa. Depois de superar a birra, me encantei com o Neon Bible (2007), segundo disco deles. Na verdade, acho que não era a banda que me irritava, e sim o hype e os fãs escrotos que acompanhavam o pacote, dois motivos que me fizeram demorar pra admitir pra mim mesmo que gostava do Arctic Monkeys, e, imagino, que afastam tanta gente do Los Hermanos (da qual eu gostei desde que eles deixaram a "maldição" da Anna Júlia pra trás).

Soube, hoje, pela Folha Ilustrada de papel, que o terceiro álbum do septeto canadense havia caído na rede (que ironia, não?), e causado frisson no corpo macio dos adolescentes, pós-adolescentes e "hey, não é hora de você admitir que não é mais adolescente e mudar da casa dos seus pais?" indies do Brasil e do mundo. A reportagem arrisca a dizer que, do hype, a banda deve passar para o "superlativo", por conta da maturidade e apuro sonoro alcançado com esse último trabalho. Usaram, pelo menos uma vez, a batida comparação com U2. Aí, meu amigo, na minha modesta opinião, já cagou tudo.

Veja bem, se eu me incomodo com hype de MySpace (seja a banda boa ou ruim), que dirá com uma planificada, pasteurizada, paumolescente e cheia de luzes e telões adoração do naipe da que rola com U2!?! U2, caralho! Quem gosta de U2 não merece lugar no meu coração.

But I digress...

O disco se chama The Suburbs, e pelo que já consegui ouvir e ler em reportagens grandiloquentes como a da Folha Ilustrada (foi capa, por sinal), é bem literal. "O enfado da classe média [canadense] norte-americana" e outras groselhas do gênero. However, é um bom disco. E pelos primeiros acordes da primeira faixa[-título] já dá pra perceber.

Alguém podia apresentar a literatura de John Updike para esse povo da Ilustrada e do Arcade Fire. Aí eles poderiam ver o que é "enfado" e "classe média norte-americana". Fora isso, bom som. Um bom sucessor para o maravilhoso Neon Bible.

E se eles entrarem na da crítica "especializada" e tentarem ser algum tipo de manifestação musical messiânica, que seu futuro seja parecido com o título desse post (inspirado livremente nos nomes/temas do primeiro e terceiro álbuns da banda).

Tem por aí pra ouvir. Vá procurar.

Aqui embaixo um aperitivo.

Gonzo Cotidiano 2.1: Xaveco no Facebook

A clássica apoiadinha no ombro: e quando o xaveco não sai do virtual?

"Xaveca no Facebook, e aí...", disse, certa vez, o amigo de um amigo meu.

O problema é que... e aí NADA! No máximo um "curtir" no próximo link que você postar, ou mais uma conversa interminável no MSN.

Será um mal da nossa geração, que tende a se agravar na próxima?

O principal desafio pra um monte de gente, incluindo aí alguns amigos meus (e, por que não, eu mesmo), hoje em dia, é transformar esse monte de "possibilidades trazidas pela internet" em atividade de verdade.

É por isso que, para conversas e outras coisas do gênero, eu ainda prefiro a boa e velha mesa de bar.

14.7.10

É ruim mas eu gosto, nº 0

Marky Mark and the Funky Bunch - Good Vibrations (1900 e alguma coisa).

Antes de se tornar o "ator" Mark Wahlberg, o candango se chamava Marky Mark. Por conta disso até o DJ Marky (antes igualmente Marky Mark, brasileiro, sucesso na gringa) resolveu mudar de nome. Ele (Wahlberg) tocava com uma banda chamada "Funky Bunch" (ouch!). E desistiu de usar camisetas durante toda a década de 90, pelo que me consta.

Esse som (que você pode ver abaixo, em um vídeo do Vimeo - o YouTube estava fora do ar (!) quando escrevi) - , é ruim, mas eu gosto. "Algum problema? Não? Ah, tá. Achei que tivesse".

Na real é um remix, mas está bem próximo do original, então vale.  ATUALIZADO (em 16/07)! Versão original primeiro, remix depois!

Tchau.



Recomendação de bamba: é melhor seguir


Coisas que aprendi com os sábios conselhos do "homem de ben":

- Prudência, dinheiro bolso e canja de galinha não fazem mal a ninguém (indeed!);

- Cuidado pra não cair da bicicleta e pra não esquecer o guarda-chuva (ainda mais se você mora em São Paulo);

- "Passar o rodo" pode fazer você melhorar (só não sei muito bem o que isso significa);

- Quem não saltar no Engenho de Dentro, só em Realengo;

- Bandeira dois não dá bandeira (só não sei muito bem o que isso significa x2);

- É tudo, nada é nada. Assim filosofou Dom Maia;

- A cabeça do Oliveto é uma cabeça de negro (só não sei muito bem o que isso significa x3);

- Pra acabar com a malandragem tem que prender e comer todos os otários (o Tyrannosaurus Rex é que mandou avisar);

- A Susana Werner é iSpressionante, desde sempre.

Capice?

Gonzo Cotidiano 2: Fama de Tim Maia

Tim Maia


















Tim Maia: será que ele vem?

Pode não ser novidade pra muita gente, mas vou contar assim mesmo. Depois que adquiriu certa notoriedade, Sebastião Rodrigues Maia (o Tim Maia) desenvolveu uma fama muito peculiar. Nunca dava pra saber se o cara ia aparecer em um compromisso ou não, inclusive em seus próprios shows. Pra quem duvida, recomendo a biografia do maluco, escrita pelo Nelson Motta, produtor, jornalista e amigo de longa data do "síndico". O nome do livro é "Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia", da editora Objetiva. Bem bacana (inclusive, poderia se chamar "O som e o peso de Tim Maia", já que a abertura de cada capítulo dá conta de quantos quilos Tim Maia tinha nas épocas descritas). E certas passagens mostram como Tim se tornou uma lenda, não só pelo som, mas também pelo comportamento errático. Como na vez em que ia fazer um show no Morro da Urca, no Rio, e resolveu ficar com medo de pegar o bondinho pra chegar lá em cima!

Lembro de ver uma reportagem sobre o último show que ele fez antes de morrer, e a matéria abria com um "fala povo" (jargão horrível do jornalismo, que significa entrevistas com as pessoas passantes em determinada situação, sobre o tema da reportagem) onde o repórter perguntava "E aí? Você acha que ele vem? Acha que o Tim vai aparecer?" (!!!!!!). Bem, ele apareceu, e, logo depois, nunca mais apareceu vivo (como fez tantas vezes em que estava com a saúde perfeita), vítima de uma vida de excessos.

Soou familiar? Arrisco dizer que todo mundo tem pelo menos um amigo ou conhecido que "encarna" o Tim Maia, sendo músico ou não. Eu tive minha cota desses tipos. Um "vou com certeza" vira, na verdade, um "não tenho a menor ideia se vou, e provavelmente não vou aparecer, mas você já sabe, né?". Ligar nem adianta. O celular, que tem "o melhor sinal do Brasil", vira uma caixa postal permanente. E, quando atende (QUANDO atende), rola um "já tô no metrô!" ou "tô cruzando a Rebouças", quando a pessoa ainda nem tomou banho pra sair de casa.

E você espera. Meia hora. Uma hora. Nada. Quem foi amaldiçoado com o defeito da pontualidade (o que significa chegar pelo menos 15 minutos antes do horário combinado, nos casos mais graves) sofre. E quando o/a sujeito/a (existe feminino de sujeito?) finalmente chega (QUANDO chega), com uma cara de ordenhador de vacas? Dizer o que?

É rir pra não chorar.

Bem, eu, há algum tempo me livrei dos Tim Maias contumazes da vida (menos o original, que a gente perdoa, sempre). Recomendo que você faça o mesmo. Afinal, eles só são divertidos em biografias. Quando você faz parte da graça, acaba sendo muito sem graça.

E se a espera não for muito longa, ouça no REPEAT o Maia original arriscando um soul em inglês em "Jurema" (vídeo abaixo), do primeiro disco dele, de 1970.

E quem não dança segura a criança.

Vai.



13.7.10

O xx da questão



Hoje é dia do rock. Grandsmerd.

Bem, agora que já fiz a minha homenagem, vamos em frente.

The xx... Bem, eu já vi esse filme algumas vezes. Você conhece um som e pensa "meu, isso é do caralho". Passam-se alguns meses e você já enjoou e a banda sumiu. Isso já aconteceu comigo com Magic Numbers, Sons & Daughters e alguns outros. Provavelmente também vai acontecer com The xx. Mas, por enquanto, estou  vivendo a lua de mel.


The xx


"Música de foda", foi assim que uma amiga me apresentou o trio londrino de indie rock. Olha... Pode funcionar. A vocalista e guitarrista Romy tem uma das vozes mais bonitas e sexy que ouvi nos últimos tempos (além de ser uma das pessoas mais andróginas da música atual). O baixista Oliver também manda bem na hora de encarar o microfone. As músicas são bem climáticas e a bateria é eletrônica, comandada por Jamie. 
Precisa falar mais? Vá ouvir.



7.7.10

Gonzo Cotidiano 1: Hadouken


Eu não posso ignorar: sou tarado por fliperama. Sempre fui e, acho, sempre vou ser. Meu jogo preferido nos arcades da vida é o Street Fighter. Pode ser qualquer versão, até aquela "de rodoviária", na qual é possível dar golpes especiais enquanto o personagem está no meio de um salto e etc. Só a versão 3D não faz muito a minha cabeça. 

E eu sempre jogo com o Ken. Acho que é porque sei de cor e salteado todos os comandos para os golpes dele. O mais conhecido e carne de vaca é o Hadouken, ilustrado em parte na imagem acima. Quem não sabe como fazer aprende agora: "meia lua" para a frente + soco. O Shoryuken é bem parecido: frente, baixo, diagonal  + soco, tudo bem rápido.

Bem, não faz muito tempo me enfiei na 'pracinha' de jogos de uma galeria comercial de São Paulo, e, quando vi, já estava colocando uma ficha na máquina do Street Fighter. Lá pelas tantas chegou a hora de enfrentar o mestre iogue Dhalsim (imagem abaixo). Depois de, a muito custo, conseguir levar a luta para o terceiro round, fui derrotado (geralmente eu sou melhor que isso, ok?).



Eis que, quando saio da máquina, vejo um moleque de uns 14 anos, parado lá. Pensei que ele estava esperando para jogar quando eu terminasse, mas, com a gravidade de um sábio chinês ele disse "Nunca, nunca dê Hadouken contra o Dhalsim. Ele vai pular e dar uma voadora parafuso. Você precisa esperar ele te atacar e aí dar um Shoryuken".

Uma lição para a vida toda.

6.7.10

Uma pérola do pai do pop brasileiro


'Último Romântico': compilado de 1987 mostra porque Lulu Santos é o 'pai' do pop brasileiro

Quando um velho amigo disse que Lulu Santos era foda, anos atrás, eu não botei muita fé. É claro que eu já conhecia os hits que todo mundo conhece, mas nunca tinha parado pra examinar a obra do cara. Hoje, depois de corrigir esse problema, acho que não é exagero dizer que Lulu é um tipo de "pai" do pop brasileiro.

Quem duvidar pode escutar essa compilação lançada em 1987 e batizada com o nome de um dos maiores "sucessos" do maluco. Tem verdadeiras "pedradas" como "Tudo Azul" (... todo mundo nu!), "Adivinha o quê" (aquela do "só faço com você, só quero com você"), "Como uma onda" (sim, é dele e do Nelson Motta, o Tim Maia só gravou) e "De repente Califórnia". Comprei uma cópia por 10 biro-biros em uma Americanas hoje, mas se você não encontrar, tem quem compartilhe por aí.

Há cerca de dois anos tive a oportunidade de abrir (com a Strange Music) um show do Lulu em Bauru, interior de SP. Ele não deixou pedra sobre pedra. Pena que não deu pra tirar uma foto com ele, mas conseguimos entregar uma cópia do Moonrise. Quem sabe um dia ele não retribui o favor e fala bem da gente por aí?