Boris e Melody, o improvável casal do último filme de Woody Allen: "agarrar qualquer tipo de amor que se possa conseguir"
Começa mal já pelo título em português. De Whatever Works, algo como O que quer que funcione, o novo filme de Woody Allen foi rebatizado de Tudo Pode Dar Certo, em mais um caso das já clássicas traduções de açougueiro no Brasil.
Na primeira meia hora fica um pouco pior, até que você se esquece de odiar Boris, o protagonista, um físico ranzinza que acredita ser o único a ver "o cenário completo" na vida (ou, a falta de sentido da existência). Apesar de ser interpretado por Larry David (comediante, ator, co-criador de Seinfeld e, ao que me consta, figura que inspirou o personagem George Costanza, da supracitada série), é inevitável pensar que Allen projetou o personagem para ser a versão definitiva de todos os tipos que ele mesmo encarnou filme após filme.
Fica bom quando você vê que é um típico longa de Woody Allen. Está tudo lá: as caminhadas por Manhattan, as vidas que se cruzam, sem mais nem porquê, as peripécias sexuais e sentimentais dos personagens, as situações tragicômicas, a luta desesperada por imprimir qualquer sentido que seja à existência, ainda que personificada na famigerada "busca pela felicidade".
É ótimo quando acaba, e fica aquela sensação de vazio. Logo depois do magnífico, porém vulgar, monólogo final, quando sobem os créditos e surge espaço para pensar que, afinal, nada faz sentido mesmo, então, o que resta é "agarrar qualquer tipo de amor que se possa conseguir". O que quer que funcione. Tudo pode dar errado. Mas, como preferem pensar os otimistas, tudo pode dar certo também.
Assista.
Tudo Pode Dar Certo
título original: Whatever Works
gênero: Comédia
duração: 01 hs 32 min
ano de lançamento:2009
distribuidora: Sony Pictures Classics / California Filmes
direção: Woody Allen
roteiro: Woody Allen
produção: Letty Aronson e Stephen Tenenbaum
4 comentários:
Sabia que você (não) ia gostar!
Beijos
Com esses parênteses você definiu muito bem o meu sentimento com relação ao filme!
Pois é brunão, todos que assistiram pelo menos uma novela das oito tiveram um devaneio.
que bonitinho seu comentário.
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