28.9.10

Aqui, querida



Pouca gente conhece essa história, mas, em 1978, enrolado em um processo de divórcio, o troublemaker e soul master Marvin Gaye concordou em gravar um disco cujos dividendos iriam para sua futura ex-esposa. A princípio, ele quis gravar uma merda qualquer. Mas decidiu relatar a história de sua separação e gravou um dos melhores álbuns de sua carreira - uma obra conceitual sobre o começo, meio e fim de um casamento.

O miolo do encarte (figura que abre o post; a capa está na miniatura do vídeo abaixo, uma das melhores canções do disco) já entrega o clima.


É ruim mas eu gosto, n° IV


Não precisa falar nada. É ruim. Por isso o nome da "categoria". Mas... Eu gosto! "Whatever I said, whatever I did, I didn't mean it. I just want you back for good." Can it get any better than this?  

Agora, por favor, acompanhem comigo a traquinagem que o Mike Patton fez com essa música em pleno Monsters of Rock no Chile.

Mulher pra casar


Uma conversa com o post "As melhores", de Vinícius Novaes.

A mulher pra casar não pode ter passado. Ainda que tenha feito e desfeito, comigo tem que ser a primeira vez. E do resto eu nem quero saber. Não tem ontem, porque é comigo que vai ser amanhã. O hoje a gente vai levando. E se for, que seja de véu e grinalda, que é pra manter girando a roda das tradições.

Guarda nas entrelinhas - e nunca, nunca escancara - um sentimento, seja qual for. Guarda tão fundo que nem eu sei o que se passa lá dentro. Que é pra manter o suspense caso ela resolva, um dia, ir embora levando filhos, cachorro, carro e casa. E, pensando bem, se ela levou a casa, quem foi fui eu.

Sabe ser difícil na medida certa. Nunca responde uma mensagem no celular logo de cara, e nem diz "alô" já depois do primeiro toque. Afinal, eu nunca me casaria com alguém que pode genuinamente estar interessada em mim. O que importa é jogar. E jogar. Uma eterna partida de War.


Ademais, rodrigueano, jamais faria com ela o que faço com uma qualquer. Ela não é qualquer uma. É a minha mulher. E é tão quietinha...


20.9.10

It's My Party

Leitores e leitoras,
Façam o favor de me presentear com a sua presença!




E pra celebrar meus 26, vamos de música. Vai, DJ!


17.9.10

A pop proof woman


Uma mulher à prova de pop preferiria Lennon a McCartney. Adiantaria o relógio para cinco da manhã e depois carregaria os ponteiros bem devagar. Assaltaria de quando em quando os cantos da minha boca e me faria pensar que contra isso não é preciso mesmo defesa. Faria com que eu economizasse palavras por querer ouvi-la esbanjar. Revogaria a lei da gravidade para que eu pudesse flutuar um pouquinho sem perceber. Seria bem real, ainda que too good to be true.   


7.9.10

É ruim mas eu gosto, nº DCCC



"Essa música é linda, né? Puxa vida... Tem cada música aqui nesse Carnaval da Bahia... Se a gente fosse fazer uma antologia ia dar... cinco CDs..."

Gonzo Cotidiano 4: Endangered Species

Tragamos demoradamente nossos cigarros. E esperamos os meteoros que desencadearão uma nova Era Glacial em nosso estilo de vida.

[ego]

Nós, fumantes, somos uma espécie ameaçada de extinção. 

Já não se pode fumar em lugar algum. Serra triunfou como eu previa. Bem, pelo menos uma vez na vida, né?

Os preços não param de subir. As pessoas olham feio se você acende um cigarro. Os poucos fumantes que restam, quando se reconhecem como iguais, só faltam chorar. "Você pode me emprestar o isqueiro?", "Você FUMAAAAA?". E ficam ali, aglomerados, como leprosos felizes. Isolados da porção saudável da humanidade, é verdade, mas felizes.

Dias atrás eu tive o enorme prazer (#not) de viajar de ônibus. Tinha que embarcar no Terminal Barra Funda, em São Paulo. Man, não há lugar pior pra se estar após a lei anti-fumo. Terminais rodoviários e aeroportos em geral, na verdade. Veja bem: qualquer pessoa minimamente responsável vai chegar pelo menos 30 minutos antes do embarque no caso de ônibus, e uma hora or so no caso de um avião. E o que você faz enquanto espera que a viagem comece? Fuma! É, bem, não mais...

Para pitar, o cidadão (eu, no caso) tem que atravessar aquela enorme e malcheirosa estrutura de concreto (o terminal Barra Funda) e descer 18 lances de rampa até estar em algum lugar minimamente caracterizado como "rua". Na verdade, ainda é uma porção do terminal, a plataforma de ônibus urbanos - um pedaço descoberto dela, que faz divisa com os trilhos da CPTM. Lá, três ou quatro lost souls se empoleiram entre um monte de areia de construção e algumas pilhas de tijolos de concreto, prováveis restos de alguma obra minor

Junto-me aos candangos, e parecemos leprosos felizes. Isolados da porção saudável da humanidade, é verdade, mas felizes. Tragamos demoradamente nossos cigarros. E esperamos os meteoros que desencadearão uma nova Era Glacial em nosso estilo de vida.

É ruim mas eu gosto, nº 33 e 1/3



Ok. Sim, eu estou em uma fase brega. Piegas, se quiserem chamar assim.

"You put that spell on me, I'll tell you honey. You know you set me free, hey, little girl. You know my heart's desires. Come on and give it to me baby. I can't deny it"

5.9.10

Nirvana antes da fama

O Nirvana em 1989
Channing (antes de Dave Grohl), Novoselic e Cobain (esq. para a dir.): em 1989 o Nirvana ensaiava no porão da mãe do baixista

Em 2009, Bleach, o primeiro disco do Nirvana, completou 20 anos. Rolou, pra variar, uma daquelas edições comemorativas, nas quais o tracklist original normalmente é sucedido por algumas versões ao vivo ou takes demo. Na real, quase ninguém ouviu o disco. Daí a famosa frase de Kurt Cobain, antes de tocar "About a Girl" durante o Unplugged in New York: "Essa é do nosso primeiro disco. A maioria das pessoas não a conhecem."

Em 1989, ano do lançamento de Bleach, o Nirvana ainda ensaiava na casa - mais especificamente, no porão - da mãe do baixista Krist Novoselic (veja vídeo abaixo). O baterista era o incógnito Chad Channing (Dave Grohl veio só depois, para gravar o blockbuster Nevermind). E o grunge ainda não havia dominado o mundo com figuras como Pearl Jam, Alice in Chains e Soundgarden, só pra ficar nas mais conhecidas.

Antes que o álbum faça 30 anos, vale a pena ouvi-lo, do começo ao fim. Você pode se surpreender com pérolas como a supracitada "About a Girl" (em versão plugada), a nervosíssima "Negative Creep", a catártica "School" e o improvável e magnífico cover de "Love Buzz" (do grupo holandês Shocking Blue, aquele do hit "I'm your Venus, I'm your fire and your desire" - veja original de "Love Buzz" aqui).

E depois me diga o que achou. Se gostar, vou recomendar o Incesticide.

Enjoy!


Abre o olho, Marvin!

Estão pegando a tua mulher, malandro!