19.7.09

Strangely clubbing



[ego] [Strange Music] [música]

Já deve ser público e notório (ao menos para os poucos - porém fiéis e interessantíssimos - leitores deste blog) que sou um dos três guitarristas/programadores/vocalistas da Strange Music, e por supuesto um de seus maiores entusiastas. Pois bem. Apesar disso, percebi que - exceto por um post longínquo - nunca deitei nenhuma linha sobre a banda por aqui. Farei isso agora.

Tenho que começar rendendo tributos a Diego Bravo, também membro fundador dessa nossa extravagância sonora, e exímio videomaker, entre outras coisas. Por conta dos esforços do cidadão, finalmente temos um clipe (veja acima) deveras apresentável de uma música nossa. A referida composição é "Club", ainda inédita em formato físico - estará no nosso 3º disco, "Música Estranha", a ser lançado no início de 2010 -, porém já propagada aos quatro ventos pelos espaços virtuais.

Recolhendo cacos de imagens colhidas aqui e acolá em apresentações recentes que fizemos em espaços enfumaçados e pouco iluminados, experimentando com brinquedos luminosos e suando na edição, Bravo conseguiu parir uma pequena pérola negra. Na minha opinião, pelo menos, já que sou padrinho da criança. Além de tudo, o caboclo ainda deixa vazar sua fixação por figuras femininas nuas (ou semi).

Melhor que isso é impossível!

Por enquanto.

6.7.09

Monstros famosos


The Misfits: que outra banda começaria uma música com "Eu tenho algo a dizer. Hoje eu matei o seu bebê"?

[música]


Os Misfits são realmente geniais. Perdoem-me os desprovidos de senso de humor, mas, que outra banda começaria uma música com "Eu tenho algo a dizer. Hoje eu matei o seu bebê"? Ou faria uma balada que versa sobre um cara que assassina a namorada e depois se sente sozinho "no banco de trás do carro, no drive in"? Bem, eles fizeram. E não para por aí. "Angelfuck", "Mommy, can I go out and kill tonight?" e "Braineaters" são alguns dos nomes que eles usaram para batizar suas composições.

A trupe, formada em 1977 e comandada até hoje pelo baixista Jerry (Caiafa) Only, teve um importante papel na disseminação do chamado horror punk. Advindo do estilo gestado pelos Ramones e parido pelos infames Sex Pistols, essa vertente "filme-b" se diferenciou do original pela temática trash (assassinatos, sangue, zumbis canibais) e bem-humorada, mas manteve as características essencialmente musicais (canções curtas, com três acordes na média, e gravações/execuções toscas).

Apesar do fôlego de seus primeiros discos - "Walk Among Us" (1982) e "Earth A.D." (1983) - no final de 1984 a banda se desmanchou com a saída do vocalista e frontman Glen Danzig (que seguiu uma carreira solo de sucesso razoável, pelo que me consta). O legado dos punks que faziam shows usando sombras pesadíssimas nos olhos e franjas no estilo moicano esticadas para baixo em frente ao rosto (lembra alguma coisa?) estava fadado ao limbo.

Ou não...

Ainda no final dos anos 1980 apareceram algumas coletâneas da banda, e em 1993 o Gun 'n' Roses incluiu a música "Attitude" em seu álbum de covers "The Spaghetti Incident?", o que despertou o interesse tardio de muita gente (mais tarde, em 1998, o Metallica colocaria "Last Caress/Green Hell" em sua lista de homenageadas do disco-tributo "Garage Inc." *Veja comentário de Daniel Souza Luz para mais esclarecimentos!). Em 1995 saiu o (até então) inédito "Static Age", com gravações feitas em 1978 e, em 1996, após algumas pendengas judiciais entre Only e Danzig pelo direito de usar o nome da banda, o grupo voltou à ativa - sem o vocalista original.

Com o desconhecido Michale Graves à frente do microfone (para desespero dos adoradores hardcore de Danzig), os Misfits lançaram "American Psycho" (1997) e "Famous Monsters" (1999). Os detratores não pouparam munição para detonar o novo line-up: Graves era técnico demais e carismático de menos (hey, qual o problema com alcançar notas altas e limpas enquanto se canta sobre cortar os braços e pernas de alguém?); a sonoridade tinha mais de hard rock que de punk (alguém aí notou que não estamos mais em 1977?) entre outras abobrinhas. É claro que outros tantos defendiam a volta da banda e seus membros, e, evidentemente compravam discos (lembra como era isso?) - "Famous Monsters" chegou a ocupar a 2ª posição do top Heatseekers da Billboard em 1999.

"Famous Monters": disco vendeu bem apesar dos detratores


A briga de fãs que não têm mais o que fazer não durou muito, no entanto. Em 2003, Graves (e o resto da banda) já estavam na rua há algum tempo, e Only (único membro remanescente do Misfits) lançou um álbum no mínimo peculiar. Intitulado "Project 1950", o disco reuniu Dez Caneda, ex-Black Flag, na guitarra e (uou!) Marky Ramone na bateria, além, é claro do baixista (e agora vocalista), para uma coleção de versões de músicas antigas ("oldies") como "Great Balls of Fire" (!), eternizada Jerry Lee Lewis, "Runaway" de Del Shannon e (pasmem)!, o mega-hit "Diana" do Paul Anka! Melhor impossível. Depois disso, o Misfits deu uma pausa, até onde sei - não sem antes excursionar com a última formação (incluindo o Brasil) e lançar uma coleção "caça-níqueis" de hits em versão lounge para coquetéis (!) ("Fiend Club Lounge", 2005). E, pelo visto, não há notícia de atividande recente nessas pastagens...

Enfim, só resta recomendar aos incautos que considerem a experiência única de ouvir os roteiros mais escabrosos do terror mais vagabundo transformados em três ou mais acordes, com Danzig, Graves ou Only celebrando a alegria de se estar completamente coberto de sangue. Cenográfico, claro.